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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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MERCADO

Com queda de 15,8% nas vendas no 1º semestre, momento é bom para negócios, desde que feitos com precaução

Usados estão em oferta, mas exigem cuidado

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A oferta de veículos usados no mercado está abundante. Segundo a Assovesp (associação dos vendedores de veículos usados) e o Sindiauto (sindicato do comércio varejista de usados), as vendas, no primeiro semestre, caíram 15,8%, se comparadas às do mesmo período do ano passado. É hora boa para pechinchar.
"Chorar funciona na negociação", afirma George Assad Chahade, presidente das entidades. É possível dividir a entrada em, pelo menos, três vezes, ganhar o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e a transferência de propriedade, além de conseguir garantias adicionais.
Para aumentar ainda mais a já vasta oferta, as locadoras resolveram entrar no ramo de vendas. Grande parte delas comercializa suas frotas, com tempo de uso que varia de oito a 15 meses. A Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis) calcula que 2.500 empresas tenham 178 mil veículos, que rodam, em média, 75 quilômetros por dia.
"A venda direta para pessoas físicas tem crescido muito", diz o diretor-superintendente da Abla, Luiz Antonio Cabral. A procura é cada vez maior porque o preço pode ser até 15% menor do que em uma loja. Até então, o leilão para pessoa jurídica era o mais comum para desovar os estoques.

Riscos
Com tantas opções, o comprador precisa ficar atento. Estima-se que haja 1,1 milhão de automóveis em situação irregular no Brasil. Se o carro adquirido for produto de roubo ou furto, o consumidor corre o risco de perder o investimento. Desconfiar de preços muito baixos é essencial.
O Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) registrou, de janeiro a maio, 1.684 consultas sobre usados -as principais queixas foram referentes a entrega de produto com dano ou defeito. Segundo o Código de Defesa do Consumidor, a garantia é de 90 dias para todas as partes do carro, não apenas câmbio e motor, como as revendas alegam.
O bom e velho mecânico de confiança ainda é a melhor ajuda na hora de examinar o futuro carro. Mas, para quem não tem uma indicação, há lojas que fazem o serviço gratuitamente. Tanto a rede DPaschoal como a Zacharias, por exemplo, examinam cerca de 50 itens, desde pneus até terminais da bateria, e dão um laudo com as reais condições do bem.
Nos leilões -cada vez mais frequentes em São Paulo e no interior-, é fundamental vistoriar o carro antes da compra. No dia, não é permitido. É comum que o hodômetro seja adulterado para baixar a quilometragem.

Documentos
Muito mais difícil que a parte mecânica é saber se o carro é "quente". Por isso dê preferência a lojas legalmente estabelecidas, que emitem nota fiscal e costumam levantar o histórico do carro antes de vendê-lo. "Comprar em feiras é muito mais arriscado", lembra Emílio Martines Abril Lopes, diretor da divisão de licenciamento do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito).
O site Checkauto promete pouco menos de 90% de eficiência para verificar se não há multas, adulterações de chassi e restrições cíveis e judiciais. Paga-se uma taxa de R$ 10 por consulta. "Não é garantia, mas aumenta a segurança", diz Artur Aparecido Giansante, gerente de negócios do site.
O site do Detran e os de várias prefeituras prometem mostrar as multas pendentes. Mas isso só acontece depois que o prazo para recorrer já acabou e o dono passa a ser visto como um devedor.
Documentação em nome de seguradora indica que o veículo sofreu um sinistro. Também não é bom sinal um registro muito recente. Já os de locadoras "têm vida útil até 40% inferior, se comparado com o carro de um só proprietário", alerta o presidente da Assovesp. A quilometragem costuma ser o dobro do normal, que é de 15 mil quilômetros por ano.


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