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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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"Hermanos" aprovam nacionais


Com uma indústria voltada para os EUA, os mexicanos têm poucas opções entre os veículos compactos, o que abriu uma brecha para que modelos como Volkswagen Gol, Ford Fiesta, Fiat Palio e Chevrolet Corsa comecem a se tornar comuns no país


JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A Cidade do México e São Paulo têm muito em comum. Com cerca de 100 mil habitantes a mais que a capital paulista, a mexicana apresenta trânsito pesado, rodízio de veículos e poluição do ar. Mas há algo além: o México se tornou o principal mercado importador da indústria automobilística nacional. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em 2001, o Brasil exportou US$ 3,9 bilhões entre carros, máquinas agrícolas e rodoviárias: 21% para o México, 19% para a Argentina e 16% para os Estados Unidos. Na comparação entre 2001 e 2002, as compras mexicanas cresceram US$ 200 milhões. "O México desenvolveu uma indústria focada para os americanos, com picapes, vans e carros grandes. O perfil do consumidor, porém, pede carros mais baratos", diz Rogélio Golfarb, diretor de assuntos corporativos e comunicação da Ford. É nesse hiato que entra o Brasil. As vendas do Volkswagen Gol -lá chamado de Pointer- cresceram 42% de janeiro a março deste ano, desbancando o Nissan Tsuru, sedã compacto feito em Cuernavaca. O mercado interno é de 900 mil veículos por ano, dividido numa proporção quase igual entre importados e nacionais. A Volkswagen exporta toda a sua linha, com exceção de Santana e Kombi. Na linha da Ford, Courier, EcoSport, Fiesta e Ka são brasileiros. A Chevrolet vende Corsa e Meriva -o México é o primeiro país para onde o monovolume é exportado. O mercado de lá é tão atrativo que a Fiat irá vender Palio, Siena (que se chamará Palio Sedán) e Palio Adventure em revendas da General Motors. A meta é exportar 30 mil unidades até 2005, e a empresa deve completar a gama com Stilo e Doblò. Porém há uma diferença muito grande em relação ao mercado brasileiro. A altitude da Cidade do México -mais de 2.000 metros acima do nível do mar, enquanto São Paulo fica a 860 m- impede a comercialização de motores 1.0. O Gol, por exemplo, usa o 1.8, enquanto o Ka é oferecido com o 1.6.

Argentina
A crise argentina ajudou o comércio entre o Brasil e o México. Segundo a Adefa (associação dos fabricantes da Argentina), foram vendidos 455.372 carros em 1998. Em 2001, 176.667 unidades ganharam as ruas. No ano passado, a Volks do Brasil exportou apenas 800 veículos para o país vizinho. Na mesma época foi assinado um acordo que diminuiu a alíquota de importação entre nós e os "hermanos" da América do Norte. Hoje, ela é de 1,1% -de ambos os lados da fronteira-, mas há uma cota de 140 mil automóveis que se pode exportar. Até 2006, o limite vai aumentando e, no ano seguinte, ele acaba.

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