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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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"OFF-ROAD"

Repórter da Folha participa da última etapa da competição e descobre que dirigir é bom, mas navegar é preciso

Estreante em ralis pena no Mitsubishi MotorSports

JULIANA GARÇON
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS (SP)

Um instrutor nos recomenda dormir cedo na véspera da prova, mas isso não é possível: sinto-me uma criança que vai ao prometido passeio no parque de diversões.
Na Escola Preparatória de Cadetes do Exército de Campinas, onde acontece a largada, nos aventuramos no burburinho de competidores, espectadores, organizadores e modelos em busca da planilha, um calhamaço de cerca de 30 páginas com instruções de onde e quando virar, seguir, entrar, parar e por aí vai.
Meu parceiro, o Bob, propõe-se a "estudar" aqueles desenhos. Como navegador, deverá avisar o momento de mudar de trilha e onde haverá obstáculos, com base na marcação do hodômetro.
Com um cronômetro, disparado na largada, ele também deve verificar se estamos cumprindo os prazos propostos na planilha. No rali de regularidade, quem se atrasa perde pontos, mas quem se adianta perde muito mais.

"Vamos de novo?"
Finalmente está na hora de entrar na fila da rampa de largada, e a tensão aumenta. Um jipe quebra na nossa frente. Minha barriga está dando nó enquanto embico nosso Pajero TR4 nos trilhos.
Já posicionados, o diretor da prova avisa que soltará o cronômetro em segundos, o Bob me diz para zerar o hodômetro. Com a primeira engatada, tento me concentrar. Sinal dado, saímos e, logo que cruzamos o portão, ainda no asfalto, viramos para o lado errado. Depois, nas estradas vicinais, iríamos nos perder várias vezes.
A primeira parte da prova, que inclui um "off-road" em fazenda, é a mais emocionante. Faço uma curva veloz na lama, a traseira derrapa e sai da pista: fico um segundo sem ar, mas logo consigo controlar o carro. Respiro, mais confiante nas minhas habilidades de piloto, e começo até a desconfiar que tenho uma vocação -sensação que vai se intensificando a cada manobra no sinuoso caminho de Campinas a Atibaia (60 km ao norte de São Paulo).
Meu navegador diz para ir mais devagar porque estamos adiantados. Acho que estamos atrasados. Tensão na equipe -dizem que há até casamentos que acabam assim. Logo nos entendemos, o entrosamento cresce a cada lombada. E, quando ele avisou que estávamos chegando ao final, com cerca de três horas de prova, não deu para deixar de dizer: "Já!? Vamos de novo!?".


A jornalista Juliana Garçon e o fotógrafo Roberto Assunção viajaram a convite da Mitsubishi Motors do Brasil


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