PASQUALE CIPRO NETO
COLUNISTA DA FOLHA

Sabe aquela arrancada no farol? Se você estiver ao volante de um Focus Sedan automático, esqueça. Esse modelo da Ford não foi feito para isso. O carro não é nenhuma tartaruga, mas não tem o desempenho de um esportivo.
Não é o caso de dizer que essa versão da fábrica americana foi feita exclusivamente para titios e vovôs. Não é nada disso. O Focus automático foi feito para gente madura, responsável (o que não depende de idade) e que gosta ou precisa de conforto, o que nesse caso se traduz pela delícia de enfrentar um grande congestionamento sem ter de movimentar as pernas e os pés centenas de vezes.
Em meia hora de trânsito pesado, um motorista de São Paulo troca as marchas de um carro com câmbio mecânico aproximadamente 750 vezes; num automático, basta controlar o freio. Numa ladeira, não é preciso fazer nada enquanto se espera pelo verde no semáforo. Basta deixar o câmbio na posição D, 1 ou 2.
A primeira boa impressão que se tem ao comando do Focus sedã vem dos confortáveis bancos, que permitem ao motorista encontrar a posição ideal de dirigir, sobretudo no que diz respeito à altura. Como não há pedal de embreagem, o que dispensa a tarefa de pressioná-lo até o assoalho, pode-se colocar o banco um pouco mais para trás do que se colocaria num carro mecânico.
O resultado da combinação altura do banco/distância do volante é o aumento da sensação de visão ampla e de domínio da situação. Contribuem para isso a possibilidade de regulagem do volante e o desenho da ampla área envidraçada do carro.
Na unidade avaliada pela Folha, não havia comando do toca-CDs no volante, o que é ponto negativo do carro. O som do equipamento, por sinal, é excelente.

Primeiros cuidados
Quem nunca dirigiu um carro automático precisa tomar uma pequena aula antes de assumir o volante. Uma das lições diz respeito ao emprego da alavanca de câmbio nas posições 1 e 2, ideais para subir ou descer rampas. Para descer serras, é aconselhável limitar a velocidade, o que se pode fazer por um botão na alavanca.
Não se pode esquecer que as respostas de um carro automático são sempre mais lentas do que as de um mecânico. Mesmo assim, o motor 2.0 (de 130 cavalos) do Focus responde bem, ainda que o ar-condicionado esteja ligado.
Os freios são um capítulo à parte. Em situações de emergência, os da unidade avaliada deixaram a desejar. O modelo não dispunha de ABS (antitravamento), equipamento mais do que necessário em qualquer veículo. Num automóvel que tem o peso e o porte do Focus sedã, então, o ABS é essencial. Na versão Ghia do carro (sedã e hatch, mecânicos ou automáticos), o equipamento é de série, e os freios traseiros são a disco (na unidade testada, eram a tambor).

Espaço e porta-malas
Como todos os congêneres, o Focus sedã é um carro para quatro pessoas. Cinco, só se duas forem crianças. Para quatro adultos, o modelo da Ford é confortável e espaçoso. Seu porta-malas, de 490 litros, é o segundo da categoria (só perde para o do Vectra, de 500 l). Merece destaque o rodar macio e silencioso desse sedã.

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