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Soluções improvisadas colocam segurança em risco
Usar muleta ou cabo de vassoura para acionar pedal é ato condenável
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nem sempre a enfermeira
Kênia Hubner, 53, e o publicitário Hélio Potts, 53, casados há
18, encontraram uma almofada
ergonômica o suficiente para
dirigir com conforto. Por isso
Potts, quando começou a dirigir, aos 18 anos, usava uma almofada larga no banco do seu
Volkswagen Fusca.
O recurso é necessário para
que as pernas dos portadores
de nanismo dobrem no ângulo
certo para alcançar os alongadores de pedais. "Muitos anões
ainda usam almofadas improvisadas para dirigir", reconhece
ele, dono de um Honda Fit.
Depois de adaptar por conta
própria uma almofada de sofá,
o publicitário mandou cortar
uma espuma de densidade semelhante e forrou uma tapeçaria. É essa que ainda usa, alternando com a produzida pela
Cavenaghi, a empresa que mais
faz adaptações no Brasil.
"Eles fazem exatamente no
formato do encosto, na densidade e na espessura que você
escolher", comemora Hubner,
que tem 1,23 m de altura -10
cm a menos que o marido.
Segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), 70% dos 24,5 milhões
de brasileiros com algum grau
de limitação funcional vivem
abaixo da linha de pobreza. Para eles, comprar um carro não é
prioridade, e os que têm, muitas vezes, deixam de adaptá-lo.
Improviso
"A situação na periferia das
cidades é de arrepiar", atesta a
deputada estadual Célia Leão,
paraplégica que dirige há 20
anos. Moradora de Campinas
(95 km a noroeste de São Paulo), ela já viu deficientes "se virando como podem", o que inclui usar pedaços de pau para
acionar os pedais.
"Há muita gente com seqüelas de poliomielite dirigindo
carros sem adaptação. Eles empurram, com a mão, o joelho da
perna que acelera. Com cabo de
vassoura, acionam o freio e a
embreagem", narra a deputada.
Entre os que têm acesso a um
veículo pelo menos mecânico,
fazer adaptação é a única saída.
A artista plástica Adriana
Broun, 31, paraplégica desde os
17, quando sofreu um acidente
de carro, comprou um Fiat Mil
le zero-quilômetro. Teve a
isenção dos impostos, mas gastou R$ 3.000 na adaptação feita
pela Guidosimplex, hoje representada pela Technobras.
"O carro tem embreagem
com fotocélula, além de acelerador e freio manuais. Já saiu
da concessionária do jeito que
pedi", conta, satisfeita com o
resultado. "Bom mesmo seria
um automático", contrapõe.
"Barrigada"
Entre os que já fizeram a passagem do mecânico para o automático está o ex-modelo Ranimiro Lotufo, 47, hoje produtor de multimídia. Sem a parte
inferior da perna direita (caiu
do parapente num fio de alta
tensão), Lotufo acaba de comprar um Honda Fit.
Antes disso, tinha um Volkswagen Gol mecânico adaptado
(embreagem manual e pedal
invertido). "Não dá nem para
comparar a diferença. É outro
mundo dirigir só acelerando e
freando. Traz segurança."
Ele entende de insegurança.
Meio sem graça, Lotufo revela
que, nos tempos do Gol, às vezes o sistema da embreagem
(que funciona a vácuo) travava,
e ele também improvisava uma
"perna extra" com a muleta.
"Não tinha paciência de esperar o conserto. Tirava a adaptação e usava a embreagem
normal, com a muleta. A parte
de baixo punha no pedal, e a de
cima apoiava na barriga", revela, rindo.
(DENISE RIBEIRO)
ONDE ENCONTRAR
Cavenaghi: 0/XX/11/3719-3739
Hand Drive: 0/xx/11/2901-3072
Technobras: 0/xx/11/3836-2990
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