Etapas para obter CNH são idênticas para qualquer candidato; na capital, há 13 instituições especializadas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O estudante de psicologia Vágner Amaro Padroeiro, 21, realizou anteontem suas últimas aulas práticas de direção. No próximo dia 8 de maio, fará a prova prática que lhe possibilitará tirar a Carteira Nacional de Habilitação, sonho comum entre os jovens brasileiros.
Em seu caso, a conquista terá um sabor ainda mais especial. Portador de epidermólise bolhosa distrófica, doença genética que causa deformação nos membros e impede sua locomoção, Padroeiro foi alvo de preconceito e desrespeito em sua primeira tentativa de obtenção da CNH.
No ano passado, ao fazer o exame médico, em Pindamonhangaba (145 km ao norte de São Paulo), acabou insultado por um médico credenciado pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito). "Ele me xingou e me expulsou da sala, dizendo que jamais poderia dirigir porque não tinha braços."
A família de Padroeiro acionou a Justiça, e o processo ainda aguarda julgamento. O encarregado da Ciretran (Circunscrição de Trânsito) de Pinhamonganhaba, Abdala Salomão, afirma desconhecer o caso e diz que todos os médicos estão preparados: "Eles passam por um curso específico e por banca especial do Detran. Estão gabaritados para isso".
Padroeiro já superou o episódio. "Estou ansioso pela prova, mas muito contente. Estou pensando em comprar um carro", diz ele, que é pintor nas horas vagas e já reserva o dinheiro arrecadado com a venda de seus quadros.
Normalmente, os alunos especiais são nota dez, diz o instrutor Daniel Masiero, da auto-escola Jóia. "Eles sempre estão empolgados, pois encaram a auto-escola como mais um obstáculo a ser superado", observa.
Daniele Almeida, gerente comercial da Javarotti, assina embaixo. "Ao dirigir, ganham o direito de ir e vir sem precisar de ninguém, nem da família, muito menos do Estado."
O site do Detran indica 13 auto-escolas que atendem e possuem veículos adaptados na cidade de São Paulo. E aqueles que quiserem se matricular em alguma delas deverão tomar alguns cuidados, alerta Almeida.
"É necessário ver não apenas se a auto-escola tem alvará de funcionamento para trabalhar com deficientes mas também a qualidade dos carros, se eles têm as adaptações corretas, a qualidade dos instrutores e a acessibilidade das instalações."

Exames
Além do exame médico especial para portadores de deficiência física ou com mobilidade reduzida, o candidato à CNH especial precisa, como todos os postulantes, passar pelo curso teórico de formação de condutores e pelas 15 aulas práticas, com a prova no final.
Se a deficiência for adquirida após a primeira habilitação, por acidente ou doença com seqüela, a mudança de CNH exigirá novo exame médico e psicotécnico, além do curso de direção defensiva. As aulas práticas não são obrigatórias, mas importantes para condicionar o motorista à nova forma de dirigir. (CELSO DE CAMPOS JR.)

CONFIRA A LISTA DAS AUTO- ESCOLAS ESPECIAIS
http://www.detran.sp.gov.br/ enderecos/cfc_especiais.asp

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