São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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CARRO NOVO

Alvo de polêmica há dois anos, na alta do dólar, aluguel com opção de compra se revela alternativa mais vantajosa

"Ex-vilão", leasing supera financiamento

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem não pode comprar um carro à vista -obviamente a melhor forma de adquiri-lo- acaba caindo no financiamento. É inevitável, então, pagar algum preço para ter o automóvel no ato.
Existem duas formas: o CDC (Crédito Direto ao Consumidor, o financiamento tradicional) e o leasing (aluguel com opção de compra). Só que esta última assusta desde o início de 1999, quando o dólar subiu e levou junto as parcelas dos contratos indexados pela moeda americana.
Hoje o leasing é melhor do que o CDC -a diferença entre os dois é suficiente para, ao final do plano, encher o tanque de um Palio quase três vezes (cerca de R$ 200).
"É mais negócio comprar um veículo por leasing, que, na prática, nada mais é que um CDC com outro nome", avalia o professor de matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho. "Essa opção é mais vantajosa se o consumidor realmente tem intenções de ficar com o carro e não vendê-lo dali seis meses", afirma.
Segundo Carlos Eduardo Silva, 33, gerente de administração e risco da Financeira Renault, pelo fato de o leasing ser um aluguel, a documentação do veículo fica no nome da empresa, o que é um problema cultural no Brasil.
"Aqui as pessoas têm resistência à idéia de pagar um bem que não terá o documento em seu nome", diz Agner Maria Moura Corrêa, 38, gerente de marketing financeiro do BMW Serviços Financeiros.
Por se tratar de um arrendamento, é possível devolver o veículo ao final do plano, o que também não é aceito pelo consumidor brasileiro. "Ninguém quer pagar por algo que não será seu."

Flexibilidade
Profissionais dos bancos das montadoras ouvidos pela Folha afirmam que a vantagem de optar pelo CDC é a sua flexibilidade.
O mesmo não ocorre no leasing, em que é preciso firmar um contrato de, no mínimo, 24 parcelas. "Não é possível antecipar o pagamento", explica José Licciardi, 41, gerente nacional de marketing do banco DaimlerChrysler.
Para o professor Vieira Sobrinho, poucos são os compradores que pagam adiantado. "Se tivessem dinheiro, pagariam à vista", argumenta. Ele também rebate uma suposta desvantagem pelo fato de o leasing não permitir que se venda o carro enquanto o contrato não terminar. "Para vender qualquer veículo financiado, é preciso quitar todas as parcelas."
Além disso, é possível incluir o seguro nas prestações e substituir o bem durante os dois anos mínimos em que dura o contrato.


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