São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009

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CAPA

Lojas cobram R$ 70 para "rebobinar" hodômetro

Infrator assegura que o serviço não deixa marca e é feito no mesmo dia

RICARDO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Indicações de lojas que fazem a adulteração do hodômetro não faltam. A prática é mais comum do que se imagina e passa uma falsa impressão de que o carro é mais novo do que realmente é.
Na semana passada, a Folha procurou uma oficina especializada em reparo de painéis, numa movimentada rua do centro de São Paulo.
Sem se identificar, a reportagem usou um Chevrolet Celta usado para ser avaliado, e o funcionário da loja logo confirmou a prática do serviço.
"Você quer voltar o velocímetro? Cobro R$ 70 o analógico", disparou, sem hesitar.
A reportagem explicou a intenção de reduzir a quilometragem dos atuais 80 mil quilômetros para a metade, a fim de melhorar o preço na revenda.
O atendente garantiu que a adulteração não deixaria marcas. "Desmontamos o painel e fazemos o serviço no mesmo dia. É impossível perceber [a adulteração no hodômetro]."
O analógico, mais comum em carros "populares", é um simples conjunto de engrenagens. O infrator volta o marcador manualmente com facilidade e recoloca o lacre.
Mas nem os modernos marcadores digitais estão a salvo. "Voltar o digital custa R$ 100 porque usamos um programa de computador", diz o infrator.

"Mágica"
Nesse caso, uma pequena máquina é plugada ao hodômetro e, em seguida, digitada a quilometragem que se deseja. Num passe de mágica, o número aparece no visor do carro.
Os mais novos -e importados- estão melhorando a tecnologia e bloqueando o acesso ao software do painel.
Mas o funcionário da oficina no centro assegura que não há sistema inviolável. Apenas alguns "dão mais trabalho" e, por isso, o preço da fraude aumenta. No novo Toyota Corolla, por exemplo, "usamos outro programa de computador e fica em R$ 150", explica.
Para o consultor Cláudio Boriola, especialista em direitos do consumidor, "antes da compra, consulte um perito para constatar a vida útil do motor, a numeração do chassi e o estado da carroceria", orienta.
Quem vende o carro com o hodômetro adulterado comete crime contra as relações de consumo e pode ser condenado a prisão de dois a cinco anos.


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