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peças & acessórios
Contran legaliza suspensão alterada
Resolução, que entra em vigor em 1º de maio, não diz como suspensão deve ser rebaixada
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
Carros com suspensões elevadas ou rebaixadas há muito
tempo circulam pelas ruas, mas
-sem vistoria anual- de forma
ilegal. Por pouco tempo.
No dia 1º de maio, estarão vigentes os efeitos da resolução
262 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), publicada
há exatos três meses.
Nela, ficam permitidas modificações na suspensão após inspeção de um órgão cadastrado
pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial),
que emitirá o CSV (Certificado
de Segurança Veicular). A nova
altura deve estar discriminada
no documento do carro.
Só que o tiro pode sair pela
culatra. A resolução, que parece
beneficiar os fãs de carros rebaixados e os lojistas, é falha.
"Se a vistoria for simplesmente relativa à altura do carro, e não ao modo como isso é
feito, acabará sendo uma liberação para práticas como cortar
as molas [da suspensão], o que
expõe o carro e seus ocupantes
a um nível de insegurança alto",
afirma Cassiano Colla, diretor
comercial da CNC Premium.
Para Alberto Trivellato, proprietário da Suspentécnica, "o
texto da resolução 262 é muito
vago". "Está todo mundo em
dúvida porque não há regulamentação específica. Ninguém
sabe quais carros podem ser rebaixados e quais critérios devem ser usados para isso", diz
Trivellato, que faz cerca de 200
serviços por mês.
"Isso abre precedente para
que as pessoas façam muitas
coisas erradas e digam que estão dentro da lei", acredita o
dono da Suspentécnica.
Ele diz sempre ter frisado para os clientes que, até dezembro, conforme estabelecia a revogada resolução 201/06 do
Contran, qualquer modificação
na suspensão era ilegal e que, se
acontecesse um acidente, era
preciso arcar com os prejuízos.
A resolução 262 também é
pouco clara quando trata da
forma de ponderar a nova altura do carro, que deve ser "medida verticalmente do solo ao
ponto do farol baixo (original)
do veículo", diz o parágrafo único do artigo 6º da resolução.
O Denatran (Departamento
Nacional de Trânsito), por
meio de sua assessoria de imprensa, afirma que o texto da
resolução não será modificado
e cada posto de vistoria terá
orientação específica para avaliar os carros modificados.
Negócios
"Clientes que colocam rodas
enormes e modificam a suspensão não ligam para o que diz
a lei", afirma Márcio Galdin, gerente da Flash Wheels.
Para ele, mesmo assim, a legalização da suspensão rebaixada deve melhorar os negócios. "Muitos clientes não rebaixavam ou elevavam o carro
porque era ilegal."
Não é o caso do industrial
Sérgio Souss, 32. Ele está na segunda picape elevada e sempre
obedeceu à lei. "A minha Dodge
Ram é classificada como caminhão. Por isso pode receber
modificações na suspensão e
ainda ter o laudo do Inmetro."
Souss gastou R$ 5.100 para
equipar sua picape com molas e
amortecedores mais altos e importados dos EUA.
Já um empresário de 56 anos
que prefere não ser identificado terá de regularizar seu
Volkswagen Golf VR6 2004.
"O termo rebaixado é pejorativo. Não se trata só de "tuning"
mas também de ter um carro
mais seguro e firme nas curvas.
Na Europa, as montadoras vendem carros, como o Golf, mais
baixos que no Brasil", pondera
ele. "Quem faz a coisa bem feita
não teme certificações."
NA INTERNET
www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_262.rtf
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