São Paulo, domingo, 24 de maio de 1998

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CONSUMIDOR
Modelo teve problema no tanque em 94; boletim obtido pela Folha mostra que revendas foram avisadas
GM não faz "recall' de Omega com defeito

free-lance para a Folha

Cópias de boletins obtidas pela Folha mostram que, em agosto de 1994, a GM detectou um problema no gargalo do tanque do combustível da linha Omega.
Apesar disso, a montadora apenas avisou a sua rede de concessionárias, fez modificações na linha de montagem, mas não convocou os carros que poderiam apresentar o problema para um "recall".
Recomendou às autorizadas que consertassem o defeito apenas nas revisões periódicas. Ainda assim, caso o cliente reclamasse.
Nos boletins da GM constam as séries de chassis que poderiam apresentar o problema: de PPB231754 a RRB218398 e de SSB211766 e SSB214539.
A GM comprovou a possibilidade de ocorrer rachaduras na região do gargalo que leva a gasolina ao tanque de combustível.
Segundo o mecânico Luiz Yoshimura, o problema está no material empregado: "Ele rompe com facilidade e permite a entrada de impurezas no tanque".
O boletim diz que, desde a data em que o problema foi detectado, o material do gargalo de combustível passou a ser "de especificação superior, mais resistente ao contato com o combustível".
Yoshimura disse que como o bocal é localizado atrás do pneu traseiro direito do carro, "o tanque se enche de pó e de partículas, que são aspiradas pela bomba de combustível, podendo inutilizá-la".

Sintomas
O primeiro sintoma percebido pelos proprietários da linha Omega com o defeito é o forte cheiro de combustível no interior do carro.
O gargalo fica úmido e apresenta vazamento. O veículo pode perder desempenho, e a bomba de combustível apresenta ruídos.
O ápice do defeito ocorre quando o carro "morre", não liga mais e precisa ser rebocado.
Segundo Yoshimura, a maioria dos mecânicos desconhece o problema e troca a bomba de combustível. "Assim os sintomas voltam a ocorrer depois de dois meses", diz o mecânico.

Vítimas
O representante comercial Índio Brasil de Jesus, 53, tem um Omega GLS 94 que está incluído na série que pode apresentar o defeito.
Ele conta que o carro começou a apresentar odor de combustível e falhas na injeção eletrônica.
"Percorri algumas oficinas, trocaram várias peças, mas as falhas persistiam. Fiquei dez meses tentando solucionar o problema, até que soube que meu carro pertencia à série com defeito".
Mas, apesar das modificações que a GM diz ter feito na linha de montagem, "modelos mais recentes também têm apresentado o defeito", diz Yoshimura.
É o caso do Omega GLS produzido em 97 que pertence ao taxista Antonio Rufino dos Santos, 58.
O carro apresentou falhas no desempenho, defeito na bomba de combustível e precisou ser rebocado depois de ter "morrido".

Procon
Maria Cecília Rodrigues, 42, técnica da área de produtos do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), diz que o Código de Defesa do Consumidor prevê que o fornecedor não pode colocar no mercado um produto que apresente alto grau de periculosidade à saúde ou à segurança.
Quanto ao "recall", o código diz que o fornecedor que tiver conhecimento da periculosidade que o produto possa apresentar deve comunicar o fato às autoridades e aos consumidores.
Essa comunicação deve ser veiculada em anúncio publicitário pela imprensa, rádio e televisão.
(ROSÂNGELA DE MOURA)



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