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CONSUMIDOR
Modelo teve problema no tanque em 94; boletim obtido pela Folha mostra que revendas foram avisadas
GM não faz "recall' de Omega com defeito
free-lance para a Folha
Cópias de boletins obtidas pela
Folha mostram que, em agosto de
1994, a GM detectou um problema
no gargalo do tanque do combustível da linha Omega.
Apesar disso, a montadora apenas avisou a sua rede de concessionárias, fez modificações na linha
de montagem, mas não convocou
os carros que poderiam apresentar
o problema para um "recall".
Recomendou às autorizadas que
consertassem o defeito apenas nas
revisões periódicas. Ainda assim,
caso o cliente reclamasse.
Nos boletins da GM constam as
séries de chassis que poderiam
apresentar o problema: de
PPB231754 a RRB218398 e de
SSB211766 e SSB214539.
A GM comprovou a possibilidade de ocorrer rachaduras na região
do gargalo que leva a gasolina ao
tanque de combustível.
Segundo o mecânico Luiz Yoshimura, o problema está no material
empregado: "Ele rompe com facilidade e permite a entrada de impurezas no tanque".
O boletim diz que, desde a data
em que o problema foi detectado,
o material do gargalo de combustível passou a ser "de especificação superior, mais resistente ao
contato com o combustível".
Yoshimura disse que como o bocal é localizado atrás do pneu traseiro direito do carro, "o tanque
se enche de pó e de partículas, que
são aspiradas pela bomba de combustível, podendo inutilizá-la".
Sintomas
O primeiro sintoma percebido
pelos proprietários da linha Omega com o defeito é o forte cheiro de
combustível no interior do carro.
O gargalo fica úmido e apresenta
vazamento. O veículo pode perder
desempenho, e a bomba de combustível apresenta ruídos.
O ápice do defeito ocorre quando o carro "morre", não liga
mais e precisa ser rebocado.
Segundo Yoshimura, a maioria
dos mecânicos desconhece o problema e troca a bomba de combustível. "Assim os sintomas
voltam a ocorrer depois de dois
meses", diz o mecânico.
Vítimas
O representante comercial Índio
Brasil de Jesus, 53, tem um Omega
GLS 94 que está incluído na série
que pode apresentar o defeito.
Ele conta que o carro começou a
apresentar odor de combustível e
falhas na injeção eletrônica.
"Percorri algumas oficinas,
trocaram várias peças, mas as falhas persistiam. Fiquei dez meses
tentando solucionar o problema,
até que soube que meu carro pertencia à série com defeito".
Mas, apesar das modificações
que a GM diz ter feito na linha de
montagem, "modelos mais recentes também têm apresentado o
defeito", diz Yoshimura.
É o caso do Omega GLS produzido em 97 que pertence ao taxista
Antonio Rufino dos Santos, 58.
O carro apresentou falhas no desempenho, defeito na bomba de
combustível e precisou ser rebocado depois de ter "morrido".
Procon
Maria Cecília Rodrigues, 42, técnica da área de produtos do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), diz que o
Código de Defesa do Consumidor
prevê que o fornecedor não pode
colocar no mercado um produto
que apresente alto grau de periculosidade à saúde ou à segurança.
Quanto ao "recall", o código
diz que o fornecedor que tiver conhecimento da periculosidade que
o produto possa apresentar deve
comunicar o fato às autoridades e
aos consumidores.
Essa comunicação deve ser veiculada em anúncio publicitário
pela imprensa, rádio e televisão.
(ROSÂNGELA DE MOURA)
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