São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2006

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Beba com moderação

Ford estuda perfil de motorista brasileiro e descobre que muitos desperdiçam combustível

FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL

Já se vão quase 20 anos desde a chegada do primeiro carro nacional com injeção eletrônica -o Volkswagen Gol GTi. Muitos motoristas, porém, continuam a usar o carro como faziam na época dos carburadores e desperdiçam combustível.
A constatação é resultado de um estudo da Ford, obtido com exclusividade pela Folha, que traça três perfis de brasileiro. Há os que trocam as marchas conforme o curso do acelerador e os que o fazem pela velocidade. Por último, estão os motoristas que se orientam pelo giro do motor, grupo em que todos deveriam se espelhar.
Para simular o estudo -com alguns números projetados por computador e feito com um protótipo de subcompacto com motor 1.6 a gasolina e câmbio de cinco marchas-, a Folha, em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, usou um Ka 1.6. O consumo urbano foi de 9,72 km/l, 12,73 km/l e 10,88 km/ l, respectivamente.

Três faces
O primeiro perfil é o do motorista "casquinha", aquele que "tira uma casquinha do acelerador", pressionando-o menos do que deve. O comportamento é mais comum em motoristas com muitos anos de carteira.
"Acelerar pouco funcionava na época do carburador. Hoje, com a injeção eletrônica, só aumenta o consumo", explica Eduardo Pasianot, engenheiro da área de performance e economia de combustível da Ford.
Segundo ele, quando o acelerador é pouco pressionado, a borboleta de admissão de ar do motor permanece quase fechada, obrigando a central eletrônica a injetar mais combustível do que o necessário. "É o que chamamos de mistura de ar/ combustível rica." A queima da mistura ocorre dentro dos cilindros, gerando torque (força) para as rodas do carro.
Qual será, então, a melhor forma de dirigir economicamente? O engenheiro diz que o ideal é manter o giro próximo à faixa de torque máximo do motor. Na prática, isso significa oscilar entre 2.500 e 3.500 rpm, ou trocar as cinco marchas a 15, 30, 50 e 70 km/h.
O terceiro perfil de motorista é aquele que troca as marchas de acordo com a velocidade. Em situações reais, porém, os motoristas não seguem o ciclo FTP-75, em que as trocas são feitas a 10, 25, 40 e 55 km/h.
Para economizar combustível, Pasianot recomenda manter sempre engatada a marcha mais alta possível, sem deixar o carro "bater pino". "Em uma subida, em vez de reduzir a marcha e acelerar menos, é preferível manter a marcha alta e acelerar um pouco mais."
O engenheiro também explica que situações de uso severo -trânsito urbano e subidas de serra com o carro lotado- são as que mais consomem combustível. "Em marcha lenta [engarrafamentos], o consumo é altíssimo, pois o carro não tem velocidade para admitir o ar para dentro do motor naturalmente, sendo obrigado a fazê-lo de forma forçada."


O carro foi cedido para teste pela montadora INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092



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