|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Beba com moderação
Ford estuda perfil de motorista brasileiro e descobre que muitos desperdiçam combustível
FABIANO SEVERO
DA REPORTAGEM LOCAL
Já se vão quase 20 anos desde
a chegada do primeiro carro nacional com injeção eletrônica
-o Volkswagen Gol GTi. Muitos motoristas, porém, continuam a usar o carro como faziam na época dos carburadores e desperdiçam combustível.
A constatação é resultado de
um estudo da Ford, obtido com
exclusividade pela Folha, que
traça três perfis de brasileiro.
Há os que trocam as marchas
conforme o curso do acelerador e os que o fazem pela velocidade. Por último, estão os
motoristas que se orientam pelo giro do motor, grupo em que
todos deveriam se espelhar.
Para simular o estudo -com
alguns números projetados por
computador e feito com um
protótipo de subcompacto com
motor 1.6 a gasolina e câmbio
de cinco marchas-, a Folha,
em parceria com o Instituto
Mauá de Tecnologia, usou um
Ka 1.6. O consumo urbano foi
de 9,72 km/l, 12,73 km/l e
10,88 km/ l, respectivamente.
Três faces
O primeiro perfil é o do motorista "casquinha", aquele que
"tira uma casquinha do acelerador", pressionando-o menos
do que deve. O comportamento
é mais comum em motoristas
com muitos anos de carteira.
"Acelerar pouco funcionava
na época do carburador. Hoje,
com a injeção eletrônica, só aumenta o consumo", explica
Eduardo Pasianot, engenheiro
da área de performance e economia de combustível da Ford.
Segundo ele, quando o acelerador é pouco pressionado, a
borboleta de admissão de ar do
motor permanece quase fechada, obrigando a central eletrônica a injetar mais combustível
do que o necessário. "É o que
chamamos de mistura de ar/
combustível rica." A queima da
mistura ocorre dentro dos cilindros, gerando torque (força)
para as rodas do carro.
Qual será, então, a melhor
forma de dirigir economicamente? O engenheiro diz que o
ideal é manter o giro próximo à
faixa de torque máximo do motor. Na prática, isso significa oscilar entre 2.500 e 3.500 rpm,
ou trocar as cinco marchas a 15,
30, 50 e 70 km/h.
O terceiro perfil de motorista
é aquele que troca as marchas
de acordo com a velocidade.
Em situações reais, porém, os
motoristas não seguem o ciclo
FTP-75, em que as trocas são
feitas a 10, 25, 40 e 55 km/h.
Para economizar combustível, Pasianot recomenda manter sempre engatada a marcha
mais alta possível, sem deixar o
carro "bater pino". "Em uma
subida, em vez de reduzir a
marcha e acelerar menos, é
preferível manter a marcha alta
e acelerar um pouco mais."
O engenheiro também explica que situações de uso severo
-trânsito urbano e subidas de
serra com o carro lotado- são
as que mais consomem combustível. "Em marcha lenta
[engarrafamentos], o consumo
é altíssimo, pois o carro não
tem velocidade para admitir o
ar para dentro do motor naturalmente, sendo obrigado a fazê-lo de forma forçada."
O carro foi cedido para teste pela montadora
INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA
www.maua.br
0/xx/11/4239-3092
Texto Anterior: Cartas Próximo Texto: Sem visibilidade, FJ faz motorista ser visto Índice
|