São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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peças & acessórios

Suspensão e pneu sofrem com buracos nas estradas

Chuva forte "cava" 2.000 novas crateras por dia em São Paulo

FELIPE NÓBREGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alvarenga e Ranchinho, os compositores de "São Paulo da garoa/ São Paulo terra boa" poderiam ter feito mais sucesso se fossem donos de um centro automotivo especializado em reparos de suspensão e de pneus.
São essas empresas que, indiretamente, faturam alto quando São Pedro dá as caras na capital, especialmente no verão.
De acordo com a prefeitura, 2.000 novos buracos surgem num dia chuvoso, o dobro do que os 15 mil quilômetros de vias asfaltadas "ganham" quando o clima está seco.
A prefeitura argumenta que tapa cerca de 1.500 buracos por dia. Afirma também que são as incursões das concessionárias de energia elétrica e de gás que contribuem para o aparecimento de crateras, que afetam especialmente o sistema de suspensão e o conjunto de pneus e rodas dos veículos.
Segundo o advogado Alexandre Leal, "a conta pode ser cobrada do responsável pela via na Justiça, bastando o vitimado provar o ocorrido". Para isso, é necessário fazer um boletim de ocorrência na delegacia, reunir três orçamentos do conserto, fotos do local e testemunhas.

Conserto
Os buracos movimentam centros automotivos e achacam donos de veículos.
Transitar por vias irregulares prejudica, no mínimo, o alinhamento e o balanceamento das rodas. As regulagens, que custam cerca de R$ 80, devem ser feitas a cada 10.000 km ou quando o motorista sentir que o carro "puxa" para um dos lados ou que o volante trepida.
Os pneus, porém, são os mais afetados pelas depressões. "Três dias após o lançamento do novo Honda Fit, em novembro, já tinha registro de troca de pneu nas lojas", conta Eliel Bartels, supervisor de engenharia da DPaschoal.
"Muitos pneus têm bolhas, sinal de que houve alguma fissura interna, que compromete a segurança", atenta Bartels.
Caso o impacto afete também a roda e os componentes da suspensão, como bandeja e amortecedor, o prejuízo pode superar os R$ 1.700, no caso de um hatch como o Ford Focus.
Vera Figueiredo, 51, baterista da banda Altas Horas, da TV Globo, lembra que foi um desses grandes buracos que arrancou o protetor de cárter do seu antigo Fiat Uno.
"Por sorte, o motor não foi danificado, senão o prejuízo tomaria proporções maiores", relata a instrumentista.
Já o mecânico Florisvaldo Barreto conta que um bueiro destampado no centro de São Paulo por pouco não quebrou o eixo do automóvel que ele testava, que era de um cliente.
"Desviei na última hora. Pior que o carro tinha ido à oficina por conta de outro buraco."
As manobras repentinas de desvio potencializam o risco de acidentes, mas a maior reclamação do agente financeiro José Francisco Sacarrão, 47, é que a buraqueira não deixa o toca-CDs reproduzir uma música inteira sem interrupções. "O carro pulava tanto que uma vez o aparelho deixou de funcionar."


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