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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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SEGURANÇA

Poucas revendas têm carros como Chevrolet Corsa 1.8 e VW Golf 1.6 com o equipamento para pronta-entrega
Airbag vira vento nos carros "medianos"

Fernando Moares/ Folha Imagem
O engenheiro Leonardo Mello desistiu de comprar um focus com um 307, pois o Ford não tinha airbag nem freios cm ABS


JOSÉ AUGUSTO AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Modelos não tão luxuosos -mas longe da simplicidade dos "populares"- equipados com airbag (bolsa de ar que infla em caso de batida) viraram artigo raro nas revendas paulistanas.
Quem faz questão do equipamento de segurança precisa munir-se de bastante paciência. Seja para encontrar o carro como o desejado, seja para esperar até 50 dias úteis, tempo em que a fábrica pode montar o veículo.
A Folha consultou mais de 70 revendas na capital e constatou: é praticamente impossível encontrar um Chevrolet Corsa 1.8 Flexpower, um Volkswagen Golf 1.6 ou uma Fiat Palio Adventure com airbag. A boa notícia fica por conta do Ford EcoSport 1.6, que antes não existia e agora está no estoque de quase todas as concessionárias.
Muito mais do que segurança, a questão em jogo é mercadológica. "Quem compra um "popular" prefere trava elétrica e ar-condicionado, que também são itens de segurança", diz Ari Kempenich, gerente de produto da linha Chevrolet. "Em veículos mais sofisticados, a procura cresce."
"Todo mundo fala que quer ter airbag, mas prefere pagar por outros equipamentos", conta Paulo Sérgio Kakinoff, diretor de vendas e marketing da Volkswagen. De acordo com ele, proporcionalmente, o equipamento tem o mesmo preço em todo o mundo.
"Não é fácil achar um Corsa com esse opcional porque fica muito caro, e o cliente prefere um Astra ou uma Meriva sem airbag", diz a vendedora de uma autorizada Chevrolet da zona norte.
Com as bolsas, o Corsa 1.8 custa R$ 40.429 -junto é preciso levar freios ABS (antitravamento), toca-CDs, ar-condicionado e direção hidráulica, entre outros. Um Astra 2.0 com o mesmo nível de equipamentos sai por R$ 35,9 mil.

Mudança de hábito
A postura das montadoras pode atrair consumidores, mas há o outro lado da moeda. O engenheiro civil Leonardo Mello, 27, desistiu de comprar um Ford Focus. "O carro não tinha airbag nem ABS." Escolheu um Peugeot 307. "Além de mais bonito, o nível de equipamentos é melhor", diz.
As bolsas infláveis também foram decisivas na decisão de outro engenheiro. Quando seu filho completou 18 anos, Roberto Rocha, 47, desistiu de presenteá-lo com um Chevrolet Celta -que não oferece airbag- ou com um Peugeot 206 -"caro com o opcional". "Minha preocupação era dar um carro para alguém que ia dirigir pela primeira vez, pela segurança dele e dos outros." A solução foi um Renault Clio.
A Renault, cuja estratégia é oferecer airbag de série em todos os modelos, parece ter conquistado esse pai. Agora, dois anos depois do primeiro Clio, Rocha comprará um outro para seu segundo filho, que terá idade suficiente para tirar sua primeira habilitação.

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