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Débora Vilalba com sua picape Ford Ranger, carro com o qual se diz mais notada que quando tinha um Volkswagen Gol

LUÍS PEREZ
da Reportagem Local

Que um carro ostentoso chama a atenção todo mundo sabe. Mas qual será o mecanismo pelo qual o automóvel se torna ferramenta essencial no jogo da conquista?
Especialistas em comportamento humano defendem que o carro é um poderoso símbolo fálico -importantíssimo, portanto, na atração sexual.
"Isso se dá por meio de registros subjetivos de força, poder e pela capacidade de velocidade ou potência, que pode muito bem estar relacionada à potência sexual", afirma Jacob Pinheiro Goldberg, doutor em psicologia e professor da University College London Medical School.
Um carro importado, de preferência com preço na casa dos seis dígitos em dólar, além de proporcionar autoconfiança, passa uma impressão de que seu condutor é uma pessoa bem-sucedida.

Nascido para conquistar
Segundo Goldberg, a indústria automobilística dos EUA lança mão do apoio de psicólogos para elaborar seus produtos. "Tenho encontrado muito esse pessoal de psicologia motivacional em seminários e congressos fora do país."
Quem é exposto a essas influências se divide entre os que se afirmam desinteressados e os que assumidamente gostam mesmo "do bom e do melhor".
"É óbvio que vou preferir um de Mercedes a um de Fusquinha. Porque acho que na atual sociedade, tão globalizada, o cara que tem um Fusquinha não se esforçou o suficiente para chegar lá, né?", questiona a estudante de jornalismo Thereza Cristina Rosa, 25.
Para ela, o dono do Mercedes demonstra "um potencial a mais" em relação ao outro. "Tem tudo a ver com a conquista", diz, para esclarecer sua preferência.
"Para uma paquera, prefiro o que tenha um puta carro. A partir do momento em que ele já é meu namorado, fico meio ciumenta se ele tiver um carro assim, porque a mulherada vai cair matando em cima dele. Os homens bem-sucedidos despertam mais desejo."

Mulheres
A teoria de que um carro imponente serve para ajudar no jogo da sedução não é uma exclusividade do sexo masculino.
"Percebo as moças também usando o automóvel como um elemento de sedução, como informação de riqueza, de poder e de status", diz Goldberg.
"As pessoas olham para mim mais agora, que tenho uma picape", confirma Débora Vilalba, 24, dona de uma Ford Ranger.
Para ela, porém, um relacionamento não tem como "decolar" se a pessoa não for tão interessante quanto o carro que dirige.
A maior parte dos entrevistados pela reportagem da Folha se diz desinteressada em relação ao carro usado pela possível paquera.
"Para mim, pessoalmente, tanto faz. Carro não é o tipo de coisa que me atrai. Não sou tão consumista", diz Simone Bianchi Benini, 32, psicóloga.
Ela concorda que o carro virou um atributo relacionado à sexualidade. "Mas meu namorado nem tem carro. Vendeu há um mês. Nem lembro qual ele tinha"
"Muitas garotas que eu conheço já ficaram com um cara só por causa do carro", diz Simone Andrade, 24, analista de sistemas. "Eu não sou assim. Se preciso, prefiro até andar de táxi."

Decepção
A aproximação motivada pelo carro pode ser perigosa. "Quando o indivíduo não corresponde ao poder representado pelo instrumento de sedução, ocorre a decepção", diz Goldberg, que desenvolve trabalhos com vários pilotos de primeira linha -os quais não cita por ética profissional.
"Alguns me dizem que, a partir de uma certa velocidade ou quando ultrapassam outro carro, há uma sensação de orgasmo, comparável à de uma ejaculação", afirma o psicoterapeuta.
"Trabalho com sexualidade e conheço muitos homens impotentes que usam um carro bonito como forma de compensação", confirma o psicoterapeuta Alexandre Saadeh, 38, que atua no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo.


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