Esqueça Audi R8 ou BMW M6; o RS6 é o carro mais rápido já testado pelo Folha-Mauáem 13 anos

Rafael Hupsel/Folha Imagem

Audi RS6 usa motor V10 biturbo da Lamborghini e chega a 280 km/h na pista de testes

FABIANO SEVERO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS

Quatro pneus Yokohama Advan Sport novinhos em folha observam um borrão azul cruzar a pista de testes. É fácil prever que estão ali de sobreaviso, caso o conjunto 275/35 R20 não resista à força da tração Quattro. Antes disso, chegam os engenheiros do Instituto Mauá de Tecnologia com um sorriso no rosto e pupilas dilatadas de emoção. "Foi o carro mais rápido que já testamos", avisa um deles, enquanto bate o olho no laptop e vê a marca de 4,46s na tradicional arrancada até 100 km/h. A ventoinha sopra tão forte que não deixa dúvidas. Quase não dá para ouvir o ronco grave e manso do enorme motor 5.0 V10 no auge da forma. Tudo bem, ele pedia um pouco de sombra e ar fresco, mas voltaria para a pista ainda naquela manhã quente de 27C. Os engenheiros tiram a parafernália eletrônica do carro e dão lugar a este repórter, que até então pensara que motor V10 era coisa de Lamborghini. Não deixa de ser: o Gallardo, generosamente, cedeu seus dez cilindros em "V" para o sedã da Audi. Sua árdua tarefa seria bater os rivais BMW M5, com motor 5.0 V10 de 507 cv, e Mercedes E63AMG (6.2 V8 de 514 cv). O cofre do RS6 já era apertado para os 5 litros do motor. Os engenheiros da Audi, porém, adaptaram duas turbinas, dois "intercoolers" (resfriadores de ar) e dez bicos para injeção direta de gasolina. Um acinte!

Meio milhão
São esses criadores de cavalo que ostentam 580 cv, o sedã mais potente do país. Nem o câmbio automático tradicional joga contra. Uns podem dizer que beira o absurdo um Audi de R$ 500 mil não vir com o rápido e eficiente sistema de dupla embreagem do TT. Pode ser, mas, no RS6, a coisa complica. Seu V10 tem o dobro de torque (66 kgfm) já a 1.500 rpm e não aguentaria o tranco de marchas pré-engatadas. Só Porsche e Ferrari até hoje conseguiram essa proeza -o E63AMG usa o tradicional câmbio 7G-Tronic. Ele é honesto, tanto quanto o da Audi, que ainda despeja um belo estouro a cada troca das seis marchas. É a válvula de alívio do turbo tentando desviar a sobra de ar comprimido até os dois escapamentos ovalados. Melhor é o bloqueio eletrônico do diferencial central e a tração integral, que não deixam o RS6 destracionar mesmo com o controle de tração desligado. Resultado: ele vai até 200 km/h em 14,7s sem deixar rastros de borracha no chão. Com trações traseiras, M5 e E63, há dois anos, largavam lascas de pneu sem dó nem piedade. Chegavam a 200 km/h em 18s e a 100 km/h em 5,2s. Uma diferença ínfima, mas suficiente para inflar o ego das únicas dez pessoas que comprarão o RS6 a partir de janeiro.

A Audi cedeu o RS6 para teste