São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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EM 60 MESES

Responsável por 16% das vendas, sistema é bom apenas para os sorteados no início do plano

Consorciado não ri por último

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os consórcios para aquisição de automóveis representam 16% do total de carros vendidos no país, de acordo com dados da Abac (Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio). A alta procura, no entanto, não é sinal de que o sistema pode ser a melhor saída na mesma proporção.
O matemático José Dutra Vieira Sobrinho entende que o método de compra não deve ser comparado com outros tipos de financiamento. Isso porque o bem só fica disponível ao final do pagamento se o consumidor não for sorteado ou se não der um lance vencedor para a retirada do veículo. "O consórcio só é um bom negócio para o primeiro sorteado."
Sobre os consórcios incidem as taxas de administração (15%, em média) e do fundo de reserva (de 3% a 5%). Existe ainda um seguro de vida em grupo, que é opcional. Os prazos praticados variam de 12 a 120 meses, sendo que o mais comum é o de 60 meses.
Partindo de um valor hipotético de R$ 21 mil e um prazo de 50 meses, Dutra calcula que, se o consumidor colocar a parcela mensal na poupança, em vez de pagar o consórcio, vai precisar juntar apenas 38 meses para ter os mesmos R$ 21 mil do final do contrato.

Outro lado
Já para a presidente da Abac, Consuelo Amorim, se comparado aos financiamentos, o consórcio acaba sendo a melhor opção. "Seu prazo é mais longo, e as taxas cobradas são mais baratas. Nos outros financiamentos do mercado, quanto maior o prazo, maiores os juros", compara.
Jackson Schneider, diretor da administradora de consórcios da DaimlerChrysler, avalia que a demanda pelo sistema é alta. "Mesmo quando as taxas de juros estiveram em níveis mais baixos [o que prejudicaria os consórcios", o segmento apresentou bom desempenho." Cerca de 20% das vendas da DaimlerChrysler são feitas por essa modalidade.
Ricardo Jacques de Carvalho, da administradora Remaza, afirma que a recomendação do Banco Central para as empresas se associarem a revendedoras de veículos deu credibilidade ao setor.
Segundo o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), as reclamações sobre consórcios registraram queda desde quando o Banco Central passou a fiscalizar o setor, a partir do segundo semestre de 1991.
Em 1993, as reclamações contra consórcios somaram 403. No ano passado, foram 331. (VO)


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