São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

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MARIA INÊS DOLCI
[defesa do consumidor]

OS RISCOS DO CONSUMO COMPULSIVO


O comprador compulsivo constatará que há despesas que poderá eliminar para oxigenar sua conta bancária


QUEM NÃO GOSTA de comprar alguma coisa que lhe traga prazer, satisfação a algum dos sentidos? Pode ser um bom vinho tinto, um livro, um DVD, um novo monitor para o microcomputador. Comprar é um dos verbos que azeitam as engrenagens da economia, tanto que, assim que as recessões ameaçam os países, como é o caso dos Estados Unidos, os bancos centrais tratam de reduzir as taxas de juros. Ou seja, barateiam o custo do dinheiro para que as pessoas continuem comprando.
Há, contudo, diferentes acompanhamentos para o verbo comprar. Comprar demais, sem planejamento, sem renda correspondente ao que se adquira, costuma abalar as finanças do consumidor.
A compra compulsiva vai além: é doença. Segundo os especialistas, os compulsivos repetem a frase: "Eu mereço". Ora, merecer é fazer jus a algo. Mas não necessariamente ter recursos financeiros para isso.
Liquidações são irresistíveis para esse tipo de consumidor. Afinal, eles justificam suas compras sob a ótica da economia: "Era uma pechincha".
Se o leitor ou leitora perceber que suas dívidas se avolumam e, pior ainda, originam-se de despesas adiáveis ou desnecessárias, é chegada a hora de procurar auxílio de psicólogos ou psicoterapeutas.
E de tomar medidas drásticas, como cancelar os cartões de crédito, ou trocá-los por similares com gasto mensal limitado. Além disso, antes de entrar em um supermercado, por exemplo, o consumidor deve levar uma lista com os produtos estritamente necessários, de preferência com uma pessoa de confiança, alertada previamente sobre sua propensão ao gasto excessivo.
Limite, também, os valores para operações em terminais de auto-atendimento, bancos na internet e em cheques. Converse com seu gerente e explique a situação. Solicite o cancelamento do cheque especial.
Em uma caderneta, anote diariamente seus gastos, até os mais insignificantes. Ao final de um mês, some os itens. Perceberá que, de gasto em gasto, a dívida enche o papo, com o perdão do trocadilho infame.
Assim como sempre é possível cortar palavras em um texto, o comprador compulsivo constatará que, ao contrário do que imaginava, há despesas que poderia (e poderá) eliminar ou reduzir, para oxigenar sua conta bancária.
Dívidas, com o tempo, vedam o acesso das pessoas às lojas, aos supermercados e ao lazer. Impedem que se desfrute de férias, e nos afastam da necessária poupança para os dias de dificuldade.
Por isso, quem gosta de consumir bons produtos e serviços deve começar aprendendo a gastar. Cotejar preços de produtos e serviços na internet, em sites especializados, seria um bom começo. Todo consumidor compulsivo, com o tempo, receberá o maior castigo que possa imaginar: não terá mais acesso ao consumo. Evite isso e boas compras!


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