São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009 |
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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor] O GOLPE DOS PRAZOS DE VALIDADE
TENHO NOTADO , em recentes compras de supermercado, produtos em oferta especial, por preços bem atrativos. Vou verificar o prazo de validade, e, das duas uma: ou já estão vencidos, ou prestes a vencer. Mesmo quando não há descontos no preço, os produtos à frente da prateleira, que, naturalmente, seriam nossas escolhas imediatas, também estão nessas condições. É o golpe dos prazos de validade, muito mais sério e perigoso do que se possa imaginar. Porque, ao contrário do que muitos consumidores pensam, a validade dos produtos não é definida aleatoriamente. Há estudos para estipular a duração de suas características, sujeitas à natural deterioração provocada pelo tempo, pela temperatura e por condições de armazenamento. Isso ocorre mesmo em um momento em que o consumidor dispõe de muito mais informações na hora de escolher um produto. Embora os rótulos e embalagens ainda estejam distantes do ideal, hoje eles contêm mais dados fundamentais para nortear nossa escolha, principalmente de alimentos, artigos de higiene e limpeza e medicamentos. Alimentos vencidos podem provocar intoxicações alimentares e seus indesejáveis sintomas, como vômitos e diarreia. Produtos de limpeza fora do prazo são igualmente perigosos, pois, normalmente, já têm ação abrasiva, tóxica ou corrosiva. Remédios, então, tendem a se tornar, na melhor das hipóteses, ineficazes, atrapalhando o tratamento. O dano, às vezes, é irreparável. Imagine um hipertenso, que precisa de um medicamento para controlar a pressão arterial, combatendo a doença com um placebo. Há, também, artigos em que, por erro ou má-fé, fica impossível verificar a data de fabricação e a validade. Não os compre. Há fabricantes que informam esses dados corretamente, mas com letras e números ilegíveis, de tão pequenos. Esqueça seus produtos nas prateleiras. Verifique outros aspectos de segurança alimentar, como a temperatura de armazenamento, descartando itens que têm formação de gelo, a umidade e as condições da embalagem (se está amassada, rasgada ou molhada, por exemplo). Todo cuidado é pouco, também, em casa. Afinal, mesmo que você tenha comprado os itens no prazo certo, talvez sua validade tenha vencido durante a armazenagem doméstica. Nesse caso, jogue-os fora sem dor na consciência. É óbvio que supermercados, lojas e farmácias deveriam trabalhar ao lado do consumidor, retirando produtos vencidos de suas prateleiras. E a Vigilância Sanitária deveria fiscalizar e multar. Lamentavelmente, não é o que se vê na maioria das vezes. Sempre que encontrar um item desses em suas compras, retire-o da gôndola e o entregue a um funcionário da loja. Avise-o de que o produto está fora do prazo, ou muito perto de seu vencimento. Se todos fizermos isso, contribuiremos para que outras pessoas não os adquiram inadvertidamente. E estaremos sinalizando para os lojistas que o consumidor brasileiro não admite mais tais golpes. Texto Anterior: Sacolinha Próximo Texto: Tudo à venda: Feiras são a cara de Brasília Índice |
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