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De R$ 4 a R$ 400
Até a garrafa é coisa fina
Bebidas em embalagens especiais, reutizáveis são boas opção de presentes de final de ano
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Gente de mais idade -eufemismo para "este velho repórter"- se lembra do slogan da
cachaça Velho Barreiro: "até a
garrafa é coisa fina". De fato,
para uma cangibrina vendida
por cerca de quatro reais, ela
tem um garrafa inesperadamente atraente. Alguns anos
atrás, a fabricante lançou uma
versão da manguaça envelhecida por dez anos, em embalagem
ainda mais fina, metalizada.
A moda da garrafa coisa fina
pegou bonito. Várias marcas
aderiram. Pode ser coisa nova
para conhaques ou pingas, mas
é coisa antiga em "cognacs".
É o caso do Remy Martin,
mais especificamente a versão
XO ("extra old"; curiosamente,
os "cognacs" franceses são classificados em inglês). A bela garrafa custa mais de 400 contos.
Dá pra entender porque o ex-líder do The Who, o guitarrista
Pete Townshend, agradeceu a
esse "cognac" por ter salvo sua
vida, "por ser tão caro".
Mas entre os R$ 4 e os R$ 400
há múltiplas opções de garrafas
coisa fina e bebidas idem.
A brasileira Valduga lançou
seu Brandy Casa Valduga XV
em uma garrafa quadradona
charmosa, com rótulo de metal
e um texto em inglês enaltecendo os "brandies", já que não podem usar o termo "cognac", específico da região francesa com
esse nome. "Cognac" é "chic";
já "conhaque" não soa tão "chique". Usemos "brandy", então.
Garrafas finas embelezam o
seu bar e tiram dinheiro do seu
bolso, mas podem ser reutilizadas. Reciclar é bom, reusar é
ainda melhor. Popular entre
donas de casa é usar a garrafa
coisa fina para água gelada.
Mas há usos alternativos. O
licor Sheridan vem em uma
garrafa dividida, boa para colocar xampu e condicionador.
Tequila, bebida mexicana indispensável em um bar civilizado, costuma vir em garrafas
quadradonas, como a José
Cuervo. Curiosamente, as versões garrafa coisa fina são baixas e bojudas, como a 1921 e a
Herencia de Plata.
E, por falar em tequila, outro
ingrediente fundamental de
um dos coquetéis mais famosos, a margarita, é o licor de laranja Cointreau. Recentemente foi lançada uma "garrafa de
colecionador". Trata-se apenas
da garrafa usual, mas sem o rótulo... Bem, é pelo menos mais
fácil para reutilizar.
A aguardente de vinho italiana grappa popularizou garrafas
altas, esguias, com pescoços
ainda mais estreitos. Talvez para se afirmar, a Grappa Vecchia
Carpenè Malvolti optou pela
garrafa baixinha e gordinha.
As aguardentes vinícolas velhas portuguesas -os "brandies" da santa terrinha- também têm garrafas exóticas.
Uma preferida: a alta e algo piramidal da marca Antiqua.
Uma amiga recomenda o gim
Bombay, aquele do vidro azul-piscina. "Dá vontade de se jogar
dentro", diz. "Claro, vira garrafa de água", conclui a moça, que
gosta de nadar. Outra sugere o
aguardente de pera Poirre Williams: a garrafa tem o formato
da fruta e tampa de vidro.
O clássico licor italiano Strega tem uma garrafa idem, mas
também pode ser encontrado
em embalagem de lata com
reutilização óbvia para os peninsulares: guardar espaguete.
O rótulo da marvada também
costuma servir de enfeite para
bares domésticos. Um nome
particularmente simpático é o
da cachaça Dona Branca. Seu
amigo tem fama de manguaceiro, como o finado líder russo
Boris Yeltsin? Dê a ele o licor de
vodca e melão Boris Jelzin.
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