São Paulo, sábado, 21 de novembro de 2009

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MARIA INÊS DOLCI [defesa do consumidor]

Aperte o cinto para zerar as dívidas


Por que torrar dinheiro com castanhas, se as festas, no Brasil, ocorrem no verão, que pede ceias mais leves?


O QUE VOCÊ vai fazer com o 13º salário, com os 33% de acréscimo das férias e com eventuais ganhos de participação nos lucros das empresas? Torço para que você, leitor, leitora, faça parte dos 64% dos brasileiros que usarão esse dinheiro extra para pagar dívidas.
Não há melhor destino para o 13º ou a restituição tardia do Imposto de Renda. Dívidas com cartão de crédito e cheque especial costumam ser reajustadas pelas elevadas taxas brasileiras. Com o tempo, podem se tornar impagáveis, destruindo a situação financeira de sua família.
Não exagere nas compras de presentes. Faça amigo secreto em família, com amigos e no trabalho. Seja criativo também nas festas de Natal e de Ano Novo. Por que torrar dinheiro com castanhas e outros itens, se as festas, no Brasil, ocorrem no verão, que pede ceias mais leves, repletas de frutas frescas e saladas?
Quanto às férias, visitar familiares e amigos, hospedar-se em colônias de férias ou associações profissionais e acampar custa menos e garante a mesma diversão.
Use suas milhas para reduzir o custo das passagens ou, se o meio de transporte for automóvel, tente dividir os custos com pessoas que vão para o mesmo destino.
Você pode argumentar que trabalhou muito o ano todo, enfrentou trânsito pesado, ameaças de desemprego, falta de dinheiro e que, agora, chegou a hora de aproveitar. É verdade. Mas também devemos considerar que começar 2010 com as contas em ordem vale muito a pena. Quem não tem dívidas pode planejar, comprar com inteligência e usar seu crédito para melhorar de vida.
Quem deve não tem muitas opções. Se estiver em listas de maus pagadores, dificilmente terá acesso a compras a prazo. Ficará limitado ao que puder comprar à vista.
Dívida boa é aquela que abre espaço para um futuro melhor, com mais conforto e segurança. Por exemplo, quando um profissional liberal investe em um bom notebook. Ou quando um fotógrafo adquire uma máquina com mais recursos.
Trocar o aluguel por um financiamento imobiliário que cabe no bolso também é dever conscientemente. Mas chegar a 2010 cheio de dívidas por causa de mais roupas, presentes, viagens e restaurantes, convenhamos, não prenuncia boas coisas.
Com dinheiro na mão, é mais fácil negociar corte ou redução de juros de empréstimos ou de crédito rotativo do cartão. É poder de fogo para limpar o passivo de um ano que teve crise, desemprego e recessão.
Muito cuidado, portanto, com os ingressos de dinheiro entre o final de novembro e dezembro. Se souber usar esses recursos, talvez realize mais sonhos, no final de 2010, sem peso na consciência nem no bolso.


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