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Comentário

De lá pra cá

Josimar Melo

Tempos atrás,palmito era comprado em lata (a não ser quando vendido por índios na estrada) e ia direto para a salada, ou, picadinho, para recheio de pastel. Hoje,pode chegar em casa fresco, ser assado, virar purê, imitar talharim.

Antes, Cambuci era nome de bairro; hoje, é pimenta servida assada ou em conserva em restaurantes chiques.

A imaginação não tem limites para a utilização de ingredientes antes restritos ao trivial da mesa brasileira. Então por que isso não haveria de acontecer também com o brigadeiro, doce antes circunscrito às festas infantis?

A doçaria brasileira tem uma certa brutalidade, o que faz sua delícia e lhe tira um pouco da sofisticação. Mas seus sabores seduzem e podem vir embalados em novas roupagens.

Como manter sua força primitiva e, ao mesmo tempo, inocular-lhe alguma modernidade, surpresa e novos contornos que não subvertam seu paladar e nossa memória? É o que os chefs modernos vêm fazendo com a cozinha brasileira, o que inclui nossos doces muito doces.

Muito antes do brigadeiro ganhar as mesas gourmets,ele já fazia sucesso nos panelões das doceiras do bairro. Conheça duas personagens

DONA LEO
Dona Leonice Margato, 50, levou suas panelas de pressão, "que têm o fundo mais grosso", até um senhor que conserta utensílios na feira, para serrar as bordas e usar no preparo do brigadeiro, que faz em sua casa, no Parque Edu Chaves, na região norte. À receita original, acrescentou creme de leite e uma pitada de farinha. Com ajuda de suas filhas adolescentes, D. Leo prepara cerca de 400 brigadeiros por mês, além de bolos e salgados, vendidos somente por encomenda.
Encomendas: tel. 7819-2181;
e-mail: leomargato@yahoo.com.br

VIVI KEZAM
Ainda adolescente, Viviane Kezam fez "brigadeiro com jeito de chiclete de chocolate" para um namorado. Depois de anos, porém, aproveitou o filão que surgiu no escritório de advocacia no qual trabalhou por 20 anos como secretária e aperfeiçoou suas técnicas. Após a demissão de uma senhora que vendia docinhos por ali, ela preencheu o vazio e começou a fazer brigadeiros em casa. Hoje, vive disso -e tem até site. Seu marido ajuda nas entregas e a filha, vez ou outra, dá uma mãozinha na cozinha.
Encomendas: www.vivikezam.com.br