CINEMA

CRÍTICA O Pecado de Hadewijch

Longa francês faz reflexão sobre obsessão religiosa

Cássio Starling Carlos

A crítica parisiense inventou e seguidores do mundo inteiro ajudaram a propagar a fama de Bruno Dumont como "grande autor".

"O Pecado de Hadewijch", quinto longa do diretor francês, confirma apenas sua habilidade como grande blefador.

O filme segue o percurso de Céline/ Hadewijch, jovem filha da alta burguesia francesa em busca de um lugar longe desse insensato mundo. Obcecada por Cristo, ela segue uma fé torturada e delirante que a conduz por caminhos obscuros. Seus excessos a afastam até do convento onde se refugiara das tentações, sobretudo as hormonais.

O martírio da pobre coitada se completa com a aproximação de um jovem muçulmano que a leva a atravessar os sinais vermelhos e a aderir às insanidades da "guerra santa". A essa altura, o pensamento libertário do cineasta-filósofo já se encontra convertido aos mais óbvios estereótipos, inclusive os racistas.

O estilo despojado dos primeiros filmes de Dumont mimetizava o ascetismo estético de Robert Bresson e fomentou a conversão dos fiéis de primeira hora. Sem ter nada a acrescentar ao estilo de regras rigorosas do mestre, o diretor agora utiliza até música melosa para enfatizar a emoção, pecado capital do evangelho bressoniano.

Não recomendado para menores de 16 anos.