CINEMA

CRÍTICA Cópia Fiel

Longa com Juliette Binoche passeia pela Toscana

Cássio Starling Carlos

Os filmes de Abbas Kiarostami foram, por algum tempo, sinônimo de cinema iraniano, um trabalho de revelação que ampliou nosso interesse por outros diretores e, sobretudo, pela cultura e valores do país. "Cópia Fiel", primeiro longa realizado pelo cineasta longe de casa, reflete, acima de tudo, essa experiência de exílio e de distância.

Um historiador da arte britânico e uma galerista francesa (feitos pelo cantor lírico William Shimell e Juliette Binoche, ambos formidáveis) saem a passeio na região da Toscana. No caminho, conversam do livro dele sobre obras originais e cópias, tema que avança para questões relacionadas à verdade e às ilusões que adoçam a existência.

Longe da origem, logo distante daquilo que lhe agregava valor e originalidade, Kiarostami se imita, perde autenticidade? É a questão que o diretor nos devolve com ironia, enquanto nos leva a passeios e encontros que põem à prova a resistência dos clichês, da paisagem de cartão-postal aos personagens típicos que a habitam, incluindo os inevitáveis turistas.

Ao mesmo tempo, Kiarostami refaz o cinema de suas origens, reproduzindo as pegadas de Rossellini e Antonioni. E nos estimula a indagar se mimetizar é uma arte ou um dom.

Livre.