CINEMA

Um Homem Bom

Elenco sustenta direção de Vicente Amorim

Alessandro Giannini

Inspirado na peça homônima do dramaturgo escocês C.P. Taylor, "Um Homem Bom", dirigido por Vicente Amorim ("O Caminho das Nuvens"), acompanha a ascensão de um honesto professor de literatura nos quadros do Partido Nacional Socialista e a lenta descida ao inferno de um ilustre médico psiquiatra judeu na Alemanha nazista dos anos 1930.

Movido pela experiência pessoal com a mãe senil e com a mulher neurótica, John Halder (Viggo Mortensen) escreve um livro em que defende a eutanásia como medida humanitária. O romance cai nas mãos de Hitler, que se encanta com a retórica e pede a cooptação do autor. Halder hesita, como faz sempre ao dar um novo passo, mas, afinal, cede.

Enquanto o professor cresce dentro da estrutura política, sua família desmorona e o melhor amigo -que também é, por licença poética, seu analista- cai em desgraça. Maurice (Jason Isaacs, o Lucio Malfoy dos filmes de Harry Potter) perde a clientela, é tolhido de sua fortuna e se reduz quase a um pedinte. O contraste entre um, paramentado como oficial nazista, e o outro, maltrapilho, é espantoso.

Embora Halder seja o ponto de vista dominante, o centro do filme está no peso das escolhas feitas pelos dois personagens e nos caminhos percorridos por cada um em virtude delas.

Amorim, que foi assistente de Cacá Diegues em "Tieta do Agreste" e "Orfeu", dirige discretamente e com correção, dando espaço para os atores mostrarem a que vieram. E aqui, não por acidente, mostra sua melhor contribuição. Sem Mortensen e Isaacs, "Um Homem Bom" seria outro filme. Não recomendado para menores de 12 anos.