CINEMA

Os Desafinados

Walter Lima Jr. retorna em clima de bossa nova

Sérgio Rizzo

Sem rodar longa de ficção para cinema desde "A Ostra e o Vento" (1997), o diretor e roteirista Walter Lima Jr. retorna ao circuito em momento difícil do mercado cinematográfico.

Seu "Os Desafinados" não tem apenas a responsabilidade de causar boa impressão no espectador, o que já seria muito. Precisa também contribuir para que a safra nacional do ano não se resuma, em bilheteria, ao êxito de uma única andorinha, "Meu Nome Não É Johnny".

Em tese, o filme tem perfil para se comunicar com faixa ampla de público, sobretudo o jovem. No início da história, um grupo de amigos sessentões recebe, no Rio de Janeiro de hoje, uma notícia triste da Europa.

Começa então um flashback que vai até 1962, às vésperas do célebre concerto da bossa nova no Carnegie Hall de Nova York. Pouco antes do show, o produtor norte-americano do espetáculo desembarca no Rio para selecionar novos talentos.

Entre os aspirantes ao estrelato, está um grupo formado por pianista (Rodrigo Santoro), baterista (André Moraes), baixista (Jair Oliveira) e saxofonista (Ângelo Paes Leme).

Por vias tortas, o quarteto vai mesmo parar em Nova York, em companhia de um agregado da turma, aspirante a cineasta (Selton Mello), que registra imagens da aventura. Lá, conhecem uma brasileira (Cláudia Abreu) que se integra à formação como vocalista e acentua o caráter romântico da trama.

Embora a volta dos personagens à atualidade carregue um tanto de amargura, prevalecem o bom humor (que a neutraliza), a escolha da música como fio condutor da trama e a leveza no tratamento dos personagens, mesmo quando a nostalgia da bossa nova cede espaço à lembrança dos anos de chumbo dos regimes militares na América Latina.

Não recomendado para menores de 12 anos.