CINEMA

A Vida dos Outros

Alemão vencedor do Oscar chega às telas

Sérgio Rizzo

Embora recriasse o cotidiano nos estertores da socialista Alemanha Oriental, a comédia dramática "Adeus, Lênin!" (03) era obra de cidadãos que nasceram e cresceram no lado ocidental e capitalista do país -o diretor Wolfgang Becker e o roteirista Bernd Lichtenberg.

Expedição semelhante ao outro lado do muro de Berlim, com a gravidade da situação impedindo que se pense em humor, é feita pelo diretor e roteirista Florian Henckel von Donnersmarck, também nascido na Alemanha Ocidental e estreante em longa de ficção, em "A Vida dos Outros", que recebeu o Oscar de filme estrangeiro neste ano.

A ação começa em 1984, no coração da Stasi, a polícia secreta do regime -implacável com os suspeitos de "traição", mas nem tão secreta assim, uma vez que seus membros e métodos eram conhecidos (e temidos) pela população. Um deles (Ulrich Mühe, que faleceu em julho) tem a missão de espionar um dramaturgo (Sebastian Koch) cuja namorada (Martina Gedeck) é cobiçada por um figurão do governo.

A proximidade cria envolvimento, levando a sentimentos nada recomendáveis para um espião profissional que procura se manter, por linhas tortas, fiel a seus princípios.