Índice O ROTEIRO MAIS COMPLETO
DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 23 A 29 DE MARÇO DE 2007

 

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ESPECIAL

Especial-Noite

Que clube deixou saudade e por quê?

Camilo Rocha, editor do site Rraurl.com e DJ:
“Sinto falta do Hell’s original, era uma época mais inocente, pioneira, com um clima de tentar fazer algo novo. Também tenho saudade das primeiras raves, que tinham essa mesma proposta.”

Claudia Assef, jornalista e autora do livro “Todo DJ Já Sambou”:
“Do que eu mais sinto saudade e que foi um divisor de águas, pois foi o primeiro clube com uma cultura clubber, com flyer e montação, é o Nation. O Renato Lopes e Mauro Borges eram os residentes e várias tribos freqüentavam.”

Erika Palomino, editora e consultora de moda:
“Sinto falta do Xingu, daquela atmosfera niilista, descompromissada, fashion e transgressora que vivíamos ali a cada noite.”

Heitor Werneck, estilista da Escola de Divinos e promoter da festa Luxúria e do Sarau do
Loveland:

“Sinto falta do Sra. Krawitz, que fechou em 91, do Massivo e do Madame Satã, que existe até hoje, mas que é muito diferente. As pessoas andam malvestidas e ninguém se comunica, todo mundo só quer saber de ser VIP.”

Renata Simões, apresentadora do Multishow:
“Eu tenho saudade do Tango Tango de terça e do Columbia aos sábados, porque foram as primeiras festas que eu bati cartão. Era uma época gostosa e sem muitas pretensões.”

Como a noite gay saiu do armário

por André Fischer

A última década viu São Paulo escancarar o armário da sua noite gay, antes restrita a guetos escondidos da mídia. A Parada Gay, assim como o Guia, estreou em 1997 e viu seu número de participantes multiplicar de 2.000 para 2 milhões, dando um parâmetro de como a diversidade detonou a caretice paulistana. Há dez anos, os clubes Pittomba e The Cube mudavam a cara da Consolação, ponto de encontro dos então chamados clubbers e mauricinhos gays. A Lôca abriu a possibilidade roqueira de se jogar sem rótulos, sobretudo sexuais. O atual sucesso da The Week é o resultado de uma linhagem de clubes que profissionalizaram a noite como B.A.S.E., SoGo, Ultralounge e o primeiro templo paulistano de “barbies” (gays musculosos), a Level. O Xingu estabeleceu o fundamento “ação entre amigos” que vigora nos atuais Glória e Vegas. Do centrão à Vila Olímpia, a cidade abriu suas portas para gays e lésbicas e se assumiu como referência internacional de baladas sem preconceitos.
André Fischer é diretor do festival Mix Brasil

Festas “Highlander”

“Highlander” é aquele filme em que “só podia haver um”: Christopher Lambert, o guerreiro imortal. Assim como o personagem eterno, algumas festas sobrevivem à concorrência feroz na noite:
- A Cio (que já foi Cio 80’s), da promoter e DJ Gláucia++ (foto), começou no The Cube em 97 e passou por vários pontos: Egotrip (98), Torre do Dr. Zero (99), Stereo (2000), Ultralounge (2001 e 2002), A Lôca (2002), Massivo (2003) e D-Edge (2003 até agora)
- No caso do Hell’s seria mais apropriada a alcunha “fênix”, já que o lendário after-hours surgiu em 94 no Columbia, “morreu” em 98 e renasceu em 2005 no Vegas
- Os freqüentadores da Debut costumam ser tão lesados que nem vão se lembrar, mas a festa mais pé na jaca da cidade já completou nove anos
- A Trash 80’s se mantém há cinco anos à custa de muita nostalgia oitentista (mesmo entre aqueles que nem tinham nascido naquela época)
- O Paradise foi criado pelo promoter Oscar Bueno há nove anos, teve sua primeira edição na Lôca e passou por uma lista enorme de lugares: Lov.e, Stereo, Ultralounge, Puerto Livre, Infierno, Sogo, Massivo, Dama de Ferro (RJ)... Hoje rola aos domingos, a partir das 5h, no D-Edge

As pistas da moda

Em 97
B.A.S.E.

No mesmo espaço onde funcionava a sauna do hotel Danúbio, o clube gay cravou seu nome na cultura eletrônica da cidade com suas festas “bafônicas” (escandalosas) e sua piscina no meio da pista

Columbia
O porãozinho na rua Estados Unidos fez história como palco da primeira versão do Hell’s; foi endereço também do Sub Club, uma das primeiras festas de hip hop fora da periferia

Espaço Retrô
Em 97, o inferninho da Santa Cecília já vivia a segunda fase de sua trajetória, mas não menos importante. “Irmão” do Cais, outro porão roqueiro fundamental, foi o “pai” de muitos indies de hoje

Florestta
Eclético no visual —que incluia um jardim de gosto duvidoso— e na programação, promovia festas de axé, rap e shows de rock. Mas foi com as noites eletrônicas que fez fama e público

Em 2007
D-Edge

Colocou São Paulo na rota dos DJs internacionais; tem uma das programações mais consistentes de música eletrônica

Glória
Agrada a gregos e troianos. Fora do circuito, em pleno Bexiga, tem programação eclética, da eletrônica ao hip hop

Royal
Para bem-nascidos, é um clube privê que foi adotado pelo público ligado à moda e às artes.

Pacha
Filial do clube espanhol, é o templo da house, homenageada em sua enorme pista com a presença de vários DJs gringos do estilo.

Vegas
Catalisou o fenômeno migratório de baladeiros de todos os tipos para a rua Augusta

Já fui de tudo nessa vida...

A The Pool virou Mood, que virou Mais Club e voltou a ser Mood.

O número 2.203 da rua Augusta abrigou a Nation, que virou Disco Fever, depois a festa de rap Class e hoje sobrevive como Hole Club.

O clube que abriu como Espaço Urbano tirou o Espaço do nome, fechou, reabriu como Ever Green e voltou a ser Urbano.

O Columbia virou o salão de beleza L’Equipe e agora recebe empresários como Bar Augusta.

Admirável vocabulário novo

Palavras que tivemos de aprender:
Clube - ai de quem dissesse “casa noturna” no início dos anos 00, era cafona. Hoje é “hype” usar termos “vintage” como “boate”. Entendeu?
Fashionista - público que trabalha ou é ligado à moda
Hype - bombando, tá pegando, do momento
vip - versão moderna para a prosaica “cortesia”. A singla em inglês significa “very important person” (pessoa muito importante)
o DJ sambou - o mesmo que "o DJ errou na mixagem"
set - abreviação de “setlist”, que é a lista de músicas que uma banda ou DJ toca. Se o termo não existisse, teríamos de dizer algo como “A seqüência de músicas que o DJ tocou foi demais!”
Line up - escalação de artistas que se apresenta numa festa
Capa

Cinema

Selton Mello fica "apaixonado" por parte de uma garçonete em "O Cheiro do Ralo"

Shows

Quebrando seu jejum de platéias brasileiras, Eumir Deodato faz dois shows com a Jazz Sinfônica no Memorial da América Latina

Exposições

A mostra "Territórios do Olhar" revela a visão urbana de Mário Zanini

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