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Cheiro de Brasil




Falta pouco. Logo começa a Copa.
Jesuíno era dono de um barzinho interessante em Pinheiros.
Já estava quase tudo pronto. O telão. Os anúncios.
-Preciso cuidar da decoração.
Ele próprio se encarregou da atividade patriótica. Galões de tinta verde e amarela foram adquiridos.
Jesuíno pintava a calçada com capricho.
-Não sei... falta alguma coisa...
Do outro lado da rua, dona Samanta espiava tudo da janela do apartamento.
-Esse otimismo... muito exagerado.
Deu um risinho.
-Vai tudo acabar mal.
O trabalho estava quase pronto. A tinta fresca tinha cheiro de Brasil.
Ouviu-se uma sirene de polícia. Perseguição a membros do PCC.
Uma bala fez gol de cabeça em Jesuíno.
Sangue se misturou à tinta fresca. Dando o toque que faltava à simbologia nacional.
Nosso país é um time. Sempre tem gente fazendo gol contra.
 voltaire.souza@bol.com.br


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