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Governo agora reduz
mortos do PCC pela polícia
ESTADO NÃO SOUBE EXPLICAR SE HOUVE
POLICIAIS MORTOS EM CONFRONTOS COM
MORTES DE 31 PESSOAS; 49 DELES TERIAM
LIGAÇÃO COM O PCC, AFIRMA SECRETARIA
A Secretaria do Estado da
Segurança Pública reduziu o
número de mortos em confrontos com a polícia em novo
balanço sobre os atentados
atribuídos ao PCC (Primeiro
Comando da Capital), divulgado ontem. Agora, em vez de
109 mortos suspeitos de participar dos ataques desde o
dia 12, são 79 mortes -redução de 27,5%. O número total
de mortos em confrontos com
a polícia também mudou de
109 para 110.
Na requalificação dos dados
feita pelo governo, são apontadas as mortes de 31 pessoas
em confrontos com as polícias
Civil e Militar em ocorrências
não relacionadas aos atentados entre o dia 12 e a tarde
de segunda-feira. O comandante da PM, coronel Elizeu
Eclair Teixeira Borges, não
soube informar, contudo, se
houve policiais mortos nos
confrontos. "Está aí uma boa
pergunta, não sei se morreram policiais nessas resistências", disse ontem à noite.
O governo informou ainda
que, entre os 79 mortos em
confrontos ligados aos atentados, 49 têm ficha criminal
com participação em crimes
ligados à facção criminosa que
deu início aos ataques. Entre
os 79 mortos, 24 ainda não
foram identificados.
A divulgação do novo balanço com 31 mortes sem relação aos atentados aumentou a pressão de entidades de
Direitos Humanos, da Ouvidoria das Polícias e da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB)
sobre o governo. O Ministério
Público também voltou a reiterar que exige a relação dos
nomes dos mortos pela polícia
até amanhã. "Se não houver
nenhuma contra-ordem da
secretaria [da Segurança], vamos enviar os nomes ao MP
até quinta-feira", garantiu o
comandante da PM.
A lista com os nomes, porém, não tem prazo para tornar-se pública. "Seria bom
para a cidadania que essa lista e as circunstâncias das
mortes em confrontos fossem
esclarecidas", afirmou Luiz
Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB-SP, que esteve
reunido ontem com o secretário da Segurança, Saulo de
Castro Abreu Filho. O secretário, no entanto, negou a divulgação dos nomes à imprensa e à OAB.
O ouvidor das polícias, Antonio Funari Filho, disse que
também precisam ser esclarecidas as mortes de 12 pessoas
em chacinas ocorridas durante o período dos atentados. Os
casos ocorreram no Jardim
Brasil (zona norte), Parque São
Rafael (zona leste) e Guarulhos (Grande SP). Elas teriam
sido ações comandadas por
homens encapuzados e com
toucas de ninjas. "Precisamos
saber se existem grupos de
policiais ligados a essas mortes", argumentou o ouvidor.
4,4 mortes por dia
Com o novo balanço divulgado ontem, as policias Civil e
Militar mataram, em média,
4,4 pessoas por dia no Estado
entre o dia 12 e anteontem à
tarde. No primeiro trimestre
deste ano, entretanto, a média de mortos em confrontos
com a polícia era de 1,3.
Mas, no auge da crise da
segurança em São Paulo, entre o início dos ataques e a
quarta-feira passada, a média
de mortos pelas policias chegou a 15,28 por dia.
Em contradição às explicações do comandante da PM, o
secretário de Segurança afirmou, em coletiva à tarde no
Palácio dos Bandeirantes, que
os 31 mortos por armas de fogo incluíam situações de violência como suicídios. Mais
tarde, o comandante da PM,
na sede da secretaria, reiterou
que os 110 mortos por armas
de fogo divulgados no novo
balanço morreram em confrontos com a polícia, incluindo os 31 mortos em ocorrências sem ligação com o PCC.
Ao contrário do comandante, Abreu Filho não garantiu o
envio da lista com o nome dos
mortos ao MP até amanhã.
"Temos compromisso com a
verdade, não com a pressa."
(Diego Zanchetta e FSP)
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