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Em ano olímpico, reforma do Centro de Hipismo segue sem projeto definido

Ricardo Borges/Folhapress
Rio de Janeiro, RJ,BRASIL, 07- 08- 2015; Evento teste de Hipismo no parque olimpico de Deodoro..(Foto: Ricardo Borges/Folhapress. ) *** EXCLUSIVO FOLHA***
Setor onde serão disputadas as provas de hipismo é o mais atrasado de Deodoro

A menos de 200 dias do início dos Jogos Olímpicos, a reforma do Centro Olímpico de Hipismo, no Complexo Esportivo de Deodoro, é tocada sem um projeto executivo totalmente concluído.

As planilhas, que deveriam estar prontas em dezembro de 2014, ou seja, há 13 meses, estão sendo concluídas à medida que a construção do centro avança. A obra olímpica está em atraso.

A falta de projetos foi um dos motivos apontados pela carioca Ibeg Engenharia, que teve o contrato da reforma rescindido na semana passada, para o descumprimento do cronograma acordado.

A Prefeitura do Rio reconhece que parte das planilhas não foi entregue. Contudo, afirma que a empreiteira não conseguiu executar sequer as obras com projetos já disponíveis. Diz ainda que não há risco de atraso na entrega para a Olimpíada, que começa em 5 de agosto.

OBRAS DO HIPISMO ESTÃO ATRASADAS

A lacuna represou repasses da Caixa Econômica Federal. A expectativa era que o banco já tivesse repassado R$ 123 milhões para a reforma do Centro de Hipismo, que tem custo total de R$ 157 milhões. Apenas R$ 37 milhões foram transferidos.

Parte se deve ao tímido avanço da reforma. Mas o sistema de acompanhamento de obras do banco informa que há pendências na apresentação de documentação técnica de engenharia.
Sem as planilhas detalhadas para verificar a sua execução no canteiro de obras, a Caixa não libera os recursos.

A confecção dos projetos básico e executivo eram responsabilidade do consórcio Vigliecca Marobal, contratado em 2013. Por R$ 31 milhões, ele deveria ter entregado os documentos em dezembro de 2014.

De acordo com a Prefeitura do Rio, o prazo não foi cumprido e o escritório Engineering foi contratado para terminar o serviço.

A administração do município afirma também que a Ibeg "se comprometeu a sanar eventuais ausências ou falhas nos projetos existentes". A empreiteira, por sua vez, diz que seu contrato não previa tal atribuição.

Contratada em julho para tocar a obra, a Ibeg desde o início enviou cartas para a prefeitura cobrando a apresentação dos projetos.

Em alguns comunicados, a empresa pede a suspensão da contagem de prazo e ameaça até comunicar órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União).
Um dos ofícios vêm acompanhado de avaliação de duas consultorias sobre o projeto da Vila dos Tratadores, local onde ficam os tratadores dos cavalos que participarão das competições.

Na análise dessas consultorias, o desenho é apresentado como tendo "sérios problemas de concepção".

Os avaliadores sugerem à Ibeg que o prédio não fosse construído com o projeto pois ele apresentaria "graves patologias na estrutura, devendo então o mesmo ser totalmente refeito".

Uma outra empreiteira foi subcontratada para erguer a Vila dos Tratadores.

A reportagem da Folha revelou no sábado (dia 23) que o comitê organizador da Rio-2016 cobrou a prefeitura sobre a demora na definição do projeto executivo e início da montagem das arquibancadas em todo o Complexo Esportivo de Deodoro, localizado na região norte da cidade.

Desde o início da preparação dos Jogos, Deodoro, onde fica o Centro de Hipismo, é a maior preocupação dos organizadores. Inicialmente de responsabilidade do governo federal, foi repassado ao Estado e, depois, ao município. A indefinição atrasou o início das obras.

HIPISMO EM 3 PARTES

Há três tipos de provas de hipismo na Olimpíada.

No adestramento, sob o som de música, o cavaleiro deve conduzir o animal em movimentos como passos e trotes. É conhecido como o "balé do hipismo.

Nos saltos, o competidor deve completar um percurso que tem de oito a 12 obstáculos. Nessa disputa, pesam a agilidade e a precisão.

Por fim, há o CCE (concurso completo de equitação). Inclui adestramento, saltos e cross country, que reúne obstáculos inspirados na vida rural, como pequenos lagos.

OUTRO LADO

A Empresa Olímpica Municipal (EOM) afirmou, em nota, que o atraso na entrega de todos os projetos executivos da reforma do Centro Olímpico de Hipismo, no Complexo de Deodoro, não afetou a execução da obra.

Segundo a prefeitura, as planilhas disponíveis permitiam a evolução das frentes de trabalho. Ela atribuiu à Ibeg Engenharia, que teve o contrato rescindido na semana passada, o atraso na obra.

"A Prefeitura reitera que, nesse momento, com os projetos liberados, a empresa construtora estava apta a executar as obras", diz a nota.

E continua: "A Ibeg foi expressamente orientada a melhorar o seu planejamento e executar as atividades de maneira simultânea nas frentes de obra liberadas, e não em série. Essa orientação não foi cumprida".

A empresa municipal afirma ainda que a empreiteira "se comprometeu a sanar eventuais ausências ou falhas nos projetos existentes".

Em cartas enviadas à prefeitura, a Ibeg afirmou que o município é o responsável por entregar o projeto. Diz que seu contrato não prevê a elaboração das planilhas.

'100% APROVADOS'

O consórcio Vigliecca Marobal afirmou, também em nota, que "os projetos de arquitetura, de autoria do Vigliecca & Associados, foram entregues em sua totalidade, dentro do prazo e dos critérios de qualidade e foram 100% aprovados".

O consórcio afirma ainda que o projeto da Vila dos Tratadores não é de sua responsabilidade.

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