A Riourbe (empresa municipal de obras) escolheu nesta sexta-feira (29) o consórcio Enimot/Copa para elaborar o projeto executivo e montar as arquibancadas temporárias no Complexo Esportivo de Deodoro para a Olimpíada, que começa em agosto. O serviço vai custar R$ 68,5 milhões.
A julgar pela preocupação de funcionários do município, a empresa terá de correr. Gravação obtida pela Folha mostra que os prazos estão apertados –"extintos", como disse uma servidora da Riourbe.
"Estamos com o prazo extinto. Esgoelado mesmo", afirmou Lygia Menezes, responsável pelo pregão que definiu o vencedor.
A gravação foi feita no dia 21 pelo gerente comercial da empresa Stick Eventos, Max Junior, inabilitada para participar do pregão. Naquela data, o consórcio foi declarado vencedor, mas havia prazo para questionamentos.
Ele alega que o consórcio vencedor não apresentou a documentação necessária para comprovar capacidade de executar o serviço. A Riourbe afirma que todas as regras foram cumpridas.
Ao anunciar que entraria com recurso administrativo para questionar a habilitação da vencedora, ele é abordado por Menezes e outra servidora da Riourbe, não identificada. Elas o pressionam a apresentar sua posição o mais rápido possível. Pela lei, ele tinha dois dias de prazo –tempo que acabou usando para protocolar o recurso. O fim do pregão acabou adiado por uma semana.
"Urge isso aí. Está impactando num evento da cidade. É o prefeito ligando, todo mundo ligando, uma pressão desgramada", disse uma funcionária da Riourbe.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Obra do Centro de Hipismo está sem responsável há uma semana |
A Folha revelou no sábado (24) que o atraso no planejamento e montagem das arquibancadas de Deodoro foi alvo de cobrança do comitê organizador à prefeitura no início do ano. A entrega do projeto executivo já descumpriu o prazo estabelecido pela Rio-16.
Serão 60 mil assentos em nove arenas que abrigarão competições de 13 modalidades. No ofício enviado ao município, o comitê afirma que a demora impacta no planejamento e vendas de ingressos.
A Stick Eventos afirma que ainda tenta no Judiciário reverter a escolha do consórcio Enimot/Copa. Uma eventual decisão favorável pode atrasar ainda mais a montagem das estruturas.
A montagem das arquibancadas fazia parte do contrato das construtoras responsáveis por construir e reformar as instalações do Complexo Esportivo de Deodoro (consórcio Queiroz Galvão/OAS e Ibeg Engenharia). Contudo, o serviço foi retirado destas empreiteiras.
"A montagem das arquibancadas foi retirada do escopo porque o projeto básico inicial indicava o aluguel de arquibancadas com compra dos assentos, e, sendo uma estrutura temporária, não há razão para compra", afirmou a Empresa Olímpica Municipal, em nota.
Além das arquibancadas, outro ponto de atenção dos organizadores é a reforma do Centro Olímpico de Hipismo, na área sul de Deodoro. A obra atrasada está sem responsável há uma semana.
A prefeitura rescindiu o contrato com a Ibeg Engenharia alegando "abandono de obra" e ainda não formalizou novo contrato para concluir o serviço. O mesmo ocorre com o Centro Olímpico de Tênis, neste caso em fase final de construções.