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Terroristas isolados preocupam segurança da Rio-2016

Jovem, desempregado e descontente com a situação política do país. Sem qualquer antecedente criminal. Junte a isso a facilidade para obter revólveres, pistolas e até um fuzil em alguma favela do Rio. Esse rosto, que pode ser de qualquer um na multidão, vem tirando o sono dos responsáveis pela segurança da Olimpíada.

Equipes da Polícia Federal, Exército e Abin (Agência Brasileira de Inteligência), responsáveis pelo combate ao terrorismo, avaliam que o surgimento dos chamados "lobos solitários" é uma preocupação maior na segurança dos Jogos do que ação de grupos como o Estado Islâmico.

"O fenômeno terrorismo está no país e a principal ameaça aos Jogos é o 'lobo solitário'. Pode ser qualquer um na multidão", diz o diretor de contraterrorismo da Abin, Luiz Alberto Sallaberry.

A dificuldade em identificar essas pessoas vem levando os agentes brasileiros a realizar investigações em conjunto com integrantes do FBI (a polícia federal americana), da CIA (o serviço de inteligência dos Estados Unidos) e do Mossad (o serviço secreto israelense).

Um escritório dos americanos do FBI já funciona no Rio desde a Copa de 2014.

Há preocupação de que surja um novo Wellington Menezes de Oliveira. O jovem, então com 23 anos, em 2011, invadiu a escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste da cidade, e matou 12 crianças.

Usava, na ocasião, dois revólveres de calibres 38 e 32, auto-recarregáveis. Era bom aluno, trabalhava e não tinha qualquer passagem pela polícia. Após a ação, matou-se, segundo os policiais.

Agentes estrangeiros que estão no Rio para os Jogos estão surpresos pelo alto número de jovens sem emprego no país. Um deles não imaginava a grande quantidade de armas circulando nas favelas cariocas nas mãos de traficantes de três facções diferentes ou de milicianos.

"Esses problemas de segurança agravam ainda mais a situação e deixam a cidade vulnerável para uma ação terrorista", afirma o professor Newton Oliveira, da Universidade Mackenzie, no Rio, e um dos responsáveis pelo planejamento do Jogos Pan-Americanos, de 2007.

AJUDA DO EXTERIOR

Não é por acaso que desde 2015, agentes americanos da área de segurança e defesa vem realizando uma série de treinamentos, no Rio, com policiais e militares do Exército. A ideia não é só prepará-los para atuar em caso de problemas, mas também na prevenção de casos.

As forças de segurança avaliam que é preciso criar uma grande rede de informação para vencer essa invisibilidade dos terroristas. Atendentes de hotéis e taxistas serão os próximos a serem treinados. Por um mês, policiais militares do Rio passaram por treinamento ministrado por agentes americanos.

O objetivo é que entendam que qualquer situação que saia da rotina deve ser considerada suspeita durante os Jogos. Isso implica dos dias de coleta de lixo aos vendedores que passam a adotar novo ponto de vendas próximo a prédios públicos.

"Para os Jogos temos cooperação internacional com diversos policiais da área de inteligência. Enviamos quase uma centena de policiais brasileiros acompanhando os principais eventos esportivos do mundo, como a maratona de Boston, o Mundial de atletismo da China e o Pan de Toronto", afirma o secretário nacional de Grandes Eventos, Andrei Rodrigues.

"Também fomos convidados para ir à França com a Polícia Federal para estudar especificamente o atentado terrorista. Conhecemos as experiências positivas e negativas", diz Rodrigues.

Ricardo Borges/Folhapress
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