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De olho na Rio-16, baiano muda métodos e corta a vida social após vexame

Há quatro anos, Allan do Carmo fez de cara amarrada aquilo que bilhões de pessoas pelo planeta fizeram com um sorriso no rosto: assistiu aos Jogos Olímpicos de Londres pela televisão.

O péssimo humor do baiano de Salvador era fácil de entender, afinal ele falhara na tentativa de se classificar para a maratona aquática da Olimpíada inglesa.

No entanto, a derrota revelou um lado positivo para Allan. Graças a ela, o nadador passou por uma reviravolta em sua carreira.

Não só se classificou para os Jogos do Rio com certa tranquilidade como acredita que chegará ao evento na melhor forma de sua vida.

Foi por causa do desempenho ruim na prova de 10 km do Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai, em 2011, que Allan ficou fora da Olimpíada de Londres. Entre 52 competidores, ele terminou na 50ª posição.

Depois daquele vexame, o nadador e seu treinador, Carlos Rogério Arapiraca, chegaram à conclusão de que era necessário mudar tudo. Os métodos de treinamento foram, então, reformulados e Allan passou a contar com uma equipe de apoio formada por um fisioterapeuta, uma nutricionista e um psicólogo.

Tasso Marcelo/AFP
Allan do Carmo durante evento-teste da maratona aquática no Rio
Allan do Carmo durante evento-teste da maratona aquática no Rio

Os resultados melhoraram substancialmente, e o auge foi o título da Copa do Mundo de Maratonas Aquáticas, em 2014. No ano seguinte, o baiano de 26 anos foi vice-campeão do torneio e nono colocado nos 10 km do Mundial de Kazan, na Rússia, o que lhe valeu uma vaga nos Jogos do Rio com mais de um ano de antecedência.

"Como estou classificado há muito tempo, tenho tranquilidade para fazer a melhor preparação da minha carreira", conta. "O trabalho foi bem planejado, dividido em várias etapas. Nunca treinei tanto para uma competição."

No planejamento feito pelo nadador e por seu técnico, consta um período de três semanas em San Luís de Potosí, no México, em julho. A ideia é melhorar ainda mais seu condicionamento físico em uma cidade localizada a quase 2.000 m de altitude.

No momento, Allan trabalha em dois períodos na capital da Bahia, onde vive uma rotina espartana. Todos os dias, ele acorda às 5h, vai dormir às 21h30 e não faz nada além de treinar e treinar. As festas com a família e os amigos foram cortadas de sua vida, assim como os doces e os suculentos pratos típicos baianos sumiram de sua dieta. "Tenho feito muitos sacrifícios. Nem um docinho no fim de semana eu como."

Pendurar no pescoço uma medalha olímpica é o maior sonho de Allan, que foi o 14º nos Jogos de Pequim, com apenas 19 anos. A boa preparação o deixa confiante, mas ele sabe que não está entre os favoritos ao pódio, pois ainda não conseguiu brilhar em Olimpíada ou em Mundial.

É uma situação diferente da vivida pelas representantes brasileiras na versão feminina da maratona aquática, Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto. Elas têm no currículo medalhas em Mundiais na prova de 10 km (a única disputada em Jogos) e são fortes candidatas a terminarem entre as três primeiras no Rio.

Sem o peso do favoritismo que as duas colegas carregam, Allan vai pular no mar de Copacabana mais leve no dia da prova olímpica, quando espera que o mar esteja agitado, como ele gosta.

Se tudo der certo, ele vai atingir no Rio o ápice de seu caso de amor com a maratona aquática, iniciado quando ele tinha só dez anos, nas praias de Salvador.

Que esporte é esse? - Natação

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