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Ilustrador cria pôsteres com modalidades olímpicas irônicas, como 'surfe no trem'

Esgrima com mosquito da zika, funk sincronizado, surfe no trem, nado em petróleo e corrida de obstáculos desviando de balas perdidas. Essas modalidades pouco olímpicas têm raizes na criatividade do ilustrador e designer paranaense Pietro Luigi, 27, e são retratadas na série de pôsteres "Brazilian Olympics". Eles são divulgados pelo autor em sua loja virtual e ironizam a chegada dos Jogos ao país em agosto.

A proposta irônica que orienta os pôsteres de Luigi procura contrapor os problemas estruturais do país e a organização de um megaevento como a Olimpíada.

"Desde antes da Copa do Mundo existe a discussão se a gente deveria ter eventos desse porte com o país em crise, com os problemas infraestruturais que temos. Agora vemos a ciclovia desmoronando... E também queria questionar as condições do esporte no Brasil, já que sabemos que muitos atletas de modalidades menos conhecidas passam por muitas dificuldades para conseguir patrocínios e no final são eles que ganham medalhas", explica.

"Como ter um evento internacional glamoroso quando a gente passa por uma epidemia de zika, h1n1, além de mazelas sociais, como o desemprego em massa, além da crise política?", questiona.

Entre os personagens retratados, Luigi chama a atenção para os "surfistas de trem", aqueles indivíduos que sobem nos vagões das composições e tentam se equilibrar sobre eles.

"Eles se matam. Tem gente que morre fazendo isso... É muito 'sangue nos olhos'", diz. " A série também trata do aspecto de como a periferia desenvolve sua própria cultura, seus ídolos, e até mesmo seus esportes. É o caso do funk e do próprio surfista de trem."

As obras buscam inspiração nos pôsteres olímpicos que são tradicionais durante os Jogos.

"Assimilei referências dos pôsteres das Olimpíadas do Canadá, da Rússia. São clássicos do design. Eles procuram fazer um pôster por modalidade, colocam um esporte em cada anel, etc.. Tem uma coisa 'art déco', eles costumam ser mais limpos, pouco rebuscados, com imagens grandes."

Editor da revista em quadrinhos "O Banhero Selvagem", Luigi não irá à Rio-2016, mas acompanha alguns esportes, especialmente de boxe.

"Gosto de boxe muito por causa da literatura. Sempre achei as histórias de boxe muito ricas. O [escritor norte-americano Ernest] Hemingway lutava. O conto "Um pedaço de bife", do Jack London, é um soco no estômago. A filmografia desse esporte também é riquíssima: "Hurricane" é indispensável, além de "Touro Indomável", "Rocky", "O Vencedor, que é aquele que o Christian Bale faz um campeão viciado em crack e que treina o irmão mais novo", diz.

"A primeira Olimpíada que eu acompanhei conscientemente foi a de Atlanta [1996]. Lembro do [ex-boxeador norte-americano] Muhammad Ali acendendo a pira olímpica, já muito debilitado pelo mal de Parkinson. Somente muitos anos depois fui ter o conhecimento do grande atleta que ele foi. Inclusive, o Brasil tem grandes nomes do boxe: Eder Jofre, Maguila, Popó", completa.

Luigi conta que foi procurado para organizar exposições, mas, no momento, seus pôsteres estão disponíveis apenas no site http://loja.bselvagem.com.br/olimpiadas-ct-1375b9, onde podem ser adquiridos por valores entre R$ 40 e R$ 420, a depender do formato.

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