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COB gasta R$ 850 mil para acomodar familiares em transatlântico e hotéis

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) reservou quartos em um navio transatlântico e em hotéis do Rio para hospedar familiares de atletas que considera candidatos ao pódio nos Jogos Olímpicos, que começarão no dia 5 de agosto.

Será gasto R$ 850 mil com a operação da acomodação. A embarcação, que ficará atracada no porto do Rio, chama-se Norwegian Cruise Line Getaway, e é de altíssimo padrão.

Há 41 quartos reservados para familiares de 45 atletas do país –à exceção daqueles naturais da cidade–, todos com pensão completa. O transatlântico está entre os locais de acomodação oferecidos pelo comitê organizador dos Jogos.

"Foi feita uma solicitação de quartos ao comitê organizador, que designou os quartos no navio para o COB. Os valores estão dentro da tabela que equalizou os preços de todos os hotéis oferecidos pelo Rio-2016", diz o COB.

A entidade assumiu o custo por entender que encontrar acomodação e ingressos poderia representar uma distração indesejada aos competidores em meio à reta final de preparação para o evento.

Também porque estipulou a meta de a delegação nacional, o chamado Time Brasil, ficar entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas, pelo número total de pódios –com estimativa de até 30 láureas.

Seriam 13 a mais do que o número conquistado nos Jogos de Londres, em 2012 (17).

Chamada Medalhas

A origem dos recursos do COB é praticamente toda pública. O comitê recebe verba da Lei Piva, que garante ao esporte porcentagem advinda de loterias federais, e da Lei de Incentivo ao Esporte. Ele também tem diversos patrocinadores privados.

O diretor-executivo de esportes do comitê, Marcus Vinicius Freire, afirmou à Folha que o tratamento diferenciado, destinado apenas à elite da equipe brasileira, está inserido em uma ação para potencializar o chamado "fator casa".

Para que um atleta tenha direito a acomodar seus familiares, é preciso ser medalhista olímpico. No caso de competidores individuais, ser medalhista em Mundiais basta.

"Estar no Brasil é uma vantagem, mas pode ser o contrário. Queremos que os atletas tenham o mínimo de preocupação", disse o dirigente, ele mesmo medalhista olímpico no vôlei em Los Angeles-1984.

Freire citou seu exemplo para explicar. "O que mais acontece em Jogos Olímpicos é familiar pedindo informação e ingresso. Vamos impedir isso."

Eduardo Knapp - 26.mar.2015/Folhapress
Sao Paulo,, Brasil, 26-03-2015 11h40:Marcus Vinicius Freire, diretor executivo do COB (Comite Olimpico Brasileiro) da palestra na FOLHA de S.Paulo sobre os jogos olimpicos do RIO 2016 (Foto Eduardo Knapp/Folhapress.ESPORTES)
O diretor-executivo do COB, Marcus Vinicius Freire, durante entrevista em Toronto

O navio ficará ancorado provavelmente no Porto do Rio, que foi renovado recentemente. Haverá rodízio de famílias: a de um atleta que compete na primeira semana dará lugar a outra na segunda, por exemplo, de acordo com o calendário de competições.

O comitê Rio-2016 e outras entidades envolvidas na organização do evento alugaram acomodações em transatlânticos para receber turistas e delegações, antecipando o que poderia ser uma eventual escassez de leitos em hotéis.

A badalada seleção norte-americana masculina de basquete, por exemplo, ficará alojada em uma embarcação. O mesmo expediente foi usado nos Jogos de Atenas, em 2004, quando cruzeiros também ficaram na costa da cidade para servir de acomodação.

Freire não quis dizer especificamente quais atletas tiveram familiares convidados para o transatlântico ou hotéis.

Porém, a Folha apurou que parentes do ginasta Arthur Zanetti, campeão olímpico na prova de argolas nos Jogos de Londres, foram contatados.

Zanetti é cotado para repetir o pódio agora no Rio. Neste ciclo olímpico, ele obteve uma medalha de ouro e outra de prata em Mundiais e foi campeão no Pan de Toronto, em julho do ano passado.

O COB vai impor, durante os Jogos do Rio, uma política mais restritiva no que tange ao contato entre atletas e familiares. Serão permitidas poucas visitas à Vila Olímpica, e dois espaços, um no Riocentro e outro no shopping Via Parque, concentração os encontros.

DISNEY

A atenção com os familiares dos atletas –para eles não levarem problemas aos competidores, na verdade– é uma das preocupações do COB desde Londres-2012.

Para a Olimpíada do Rio, sabendo que o assédio e a proximidade aos esportistas seriam ainda maiores, o comitê tomou atitudes mais drásticas, como restringir ao máximo o acesso de parentes à Vila Olímpica. Em compensação, o COB está ajudando esses amigos e familiares com orientação em relação a transporte, hospedagem e ingressos.

"A Vila Olímpica a gente entende que é o espaço de descanso e preparação. É nosso conceito", afirmou a gerente de planejamento esportivo do COB, a ex-jogadora de vôlei de praia Adriana Behar.

Cada atleta classificado aos Jogos está sugerindo uma lista de quatro nomes e estes indicados serão os contemplados pelos ingressos que o COB vai comprar (dois para cada sessão, com exceção da natação, que terá apenas um, devido à alta demanda).

"Vamos ajudar e facilitar a vida deles. A gente orienta, tenta entender a dificuldade. Do deslocamento até o acesso aos bilhetes, para que isso saia da zona de preocupação dos atletas", explicou Adriana.

"A Vila é a Disneylândia. Temos que fazer com que eles possam aproveitar tudo, mas sem perder o foco na competição ou ter outras preocupações", disse a gerente do COB.

Brasileiros na Rio-2016

ENCONTROS

Para isolar os atletas sem criar saia-justa com familiares deles, o COB vai montar dois espaços próximos à Vila Olímpica: um no shopping Via Parque e outro no Riocentro.

Neles, os competidores poderão ter contato com os parentes, ainda que sob os olhos do comitê.

A área no Riocentro, que está sendo chamada pelo COB de "Família e Amigos", será usada para que haja encontros e distribuição de ingresso –as famílias ganharam entradas.

Ela será fechada à imprensa e a curiosos e funcionará de 10h às 20h a partir da abertura da Vila Olímpica, no próximo dia 24. Somente uma rua separa o Riocentro da vila.

No shopping Via Parque, o funcionamento será diferente, das 20h às 2h. O espaço vai ser mais voltado para confraternizações. Medalhistas e não medalhistas darão entrevistas coletivas e haverá ativações com patrocinadores do comitê.

No dia da cerimônia de abertura, em 5 de agosto, por exemplo, o COB vai promover uma recepção no local a familiares de atletas que não obtiverem ingressos para acompanhá-la dentro do Maracanã.

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