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Dirigentes do esporte olímpico do país veem contratos sob risco

"Se acabar, é trágico."

O diretor-executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Ricardo de Moura, avalia dessa forma a chance de o contrato entre sua entidade e os Correios terminar.

O vínculos entre as duas partes alcançou as bodas de prata em 2016. Mas, às vésperas dos Jogos, está sob risco. "Não se jogam no lixo 25 anos. Desmanchar é incoerência. Não posso crer numa coisa dessa", disse Moura.

O dirigente afirma que apresentou números à presidência da estatal que comprovam que a relação duradoura rendeu frutos para ambos. Assim, espera convencer os Correios de, ao menos, manter parcela do repasse.

Diego Padgurschi/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL - 29-07-2016: ESPECIAL: Ze Toledo durante treino da Selecao brasileira de handebol no parque dos Atletas. Patrocinadores estatais deixam de patrocinar algumas modalidades esportivas. (Diego Padgurschi /Folhapress - ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
Repasse dos Correios a confederações como a de handebol caiu 10% no primeiro semestre

"Vamos ter de nos reajustar. Ninguém está passando por um momento mais difícil do que a CBDA."

Os esportes aquáticos estão em xeque, situação longe de ser exclusiva. Outros dirigentes também expressam preocupação com o recuo de investimento após os Jogos Olímpicos do Rio.

Um importante cartola do meio olímpico, que pediu anonimato, afirmou que sua expectativa é a de que um terço das confederações com investimento estatal "sofrerão muito", principalmente por "não estarem preparadas".

Quando fala em despreparo, ele se refere a transição para buscar recursos privados no lugar dos públicos.

Segundo levantamento da Folha, 89% dos 465 atletas que estão na delegação olímpica brasileira recebem apoio de empresas estatais.

AS ESTATAIS E A RIO-2016 - Quanto e em quem as empresas investiram neste ciclo olímpico Londres-Rio. Em R$ milhões

O modelo não se restringe ao Brasil. Países como China, Reino Unido e Rússia têm amparo do Estado para financiamento dos esportes.

Os EUA, cujo comitê olímpico é sustentado por verba privada, é exceção.

"O apoio no Brasil vai cair, mas não acredito que cheguemos ao nível de 2009 [quando o Brasil se tornou sede olímpica]. Quem conseguiu fazer um plano de negócios e dividir o dinheiro em várias fontes não deve ter grandes problemas", afirmou Marcus Vinícius Freire, diretor-executivo do COB.

"Estamos em uma época de crise, ajustes serão feitos, as empresas estão revendo seus planos. O que tivemos aqui [em 2016] é o pico, depois da Olimpíada é normal que caia um pouco", disse.

A Folha apurou, contudo, que é grande o temor entre membros da cúpula do COB que haja uma redução substancial desse financiamento.

O esporte paraolímpico, cujos Jogos ocorrem entre 7 a 18 de setembro, conseguiu o primeiro patrocinador privado, a Braskem, só em 2015.

O CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), além de aumento da receita da Lei Piva (deve ultrapassar os R$ 100 milhões neste ano), teve também apoio da Caixa (R$ 120 milhões entre 2013 e 2016).

"Há grande preocupação de todos os dirigentes do esporte nacional em relação à diminuição [do investimento], não só das estatais mas também do Ministério do Esporte", afirmou o presidente do comitê, Andrew Parsons.

Ele ainda não negociou a renovação do contrato com a Caixa, que acaba em 31 de dezembro deste ano, mas se disse confiante. "A esmagadora maioria dos dirigentes esportivos tem essa grande preocupação em comum."

O banco também patrocina, desde 2001, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). "Estou otimista em relação à Caixa. Tivemos uma conversa preliminar com um interlocutor e ficamos de retomar depois dos Jogos. Mas não há nada definido", disse José Antonio Martins Fernandes, presidente da CBAt.

Brasileiros na Rio-2016

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