Os moradores da Vila Autódromo conseguiram.

Uma semana antes do início da Olimpíada, as 20 famílias que se negaram a sair da comunidade próxima ao centro de imprensa da Rio-2016 receberam, com atraso, as chaves de suas novas casas.

A Folha foi ao local no fim de semana e viu quase todas as moradias sendo ocupadas por antigas famílias do local.

"Vou viver aqui com a minha filha e o meu neto, apesar de ter perdido o casamento e o emprego", conta Rudnei Gomes, um dos moradores das novas casas.

Enquanto tentava resolver um problema com o carreto, que o deixou na mão, o morador já exibia com satisfação a churrasqueira colocada no quintal da frente da casa, que tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro.

Durante a mudança, muitos lavavam a casa, colocando grades nas janelas para evitar furtos. Sofás, geladeiras e camas eram transportadas porta adentro.

Gomes diz que a casa em que morava foi aos poucos destruída pela prefeitura. Por insistir em permanecer, diz que sua mulher resolveu largar o casamento e se mudou.

As novas habitações marcam uma luta de quase três anos. Em 2013, a prefeitura anunciou que 275 famílias seriam removidas da área, localizada na beira da Lagoa de Jacarepaguá, zona oeste do Rio.

Foram dadas duas opções: uma indenização ou um lar em um condomínio do programa Morar Carioca.

Ao todo, 11 famílias que se recusaram a sair do local ocuparão as 20 casas na Vila Autódromo, que custaram R$ 3 milhões ao município

A 100 metros da nova rua, na parte ainda antiga da Vila Autódromo, uma família aproveitou os Jogos Olímpicos para ganhar dinheiro.

Todos os dias, mesas improvisadas ficam lotadas de prestadores de serviços que atuam na gigantesca estrutura do parque olímpico e até mesmo de jornalistas.

"Tivemos a ideia depois de ouvir que lá dentro o quilo da comida está quase R$ 100", conta Fábio da Silva, um dos cinco funcionários.

No restaurante para a imprensa, localizado dentro do Parque Olímpico, o quilo custa R$ 98,00.