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Ambulante vende lugar na fila para fotos nos aros olímpicos de Copacabana

Tem gente até cobrando por um lugar na fila que se forma para tirar selfies no agora mais badalado point turístico do Rio: os aros olímpicos de Copacabana, na zona sul carioca.

"Cinco reais", grita Telma Almeida de Freitas, 60 anos, 32 deles trabalhando como ambulante na areia da praia mais famosa do país. "Corre, que a minha vez está chegando."

No momento em que ela deveria entrar no "cercadinho" das fotos, Telma retorna para o último lugar da fila, já que ninguém manifestou interesse em pagar pela vaga. Se tiver pouca gente esperando, o valor cai para R$ 3. "Faço promoção, porque na areia, não estou vendendo nada", conta.

Turistas nacionais e estrangeiros estão indo em peso registrar ali sua passagem pela Rio-2016. Não só eles: TVs do mundo todo também utilizam o símbolo olímpico para tomada de imagens e entrevistas.

"Acabamos de conversar com um casal que veio de San Francisco, nos EUA, para assistir aos Jogos", conta o repórter Viren Ferrao, 28, da Times Now, um conglomerado de comunicação, em inglês, de Mumbai (Índia). "Sempre há muitos personagens por aqui, de todos os gêneros. E ainda conseguimos belas imagens com a praia e os vendedores de rua."

Onde tem turista, tem dinheiro. O paraibano Luís Gomes, 77, que trabalha como vendedor de sorvete, refrigerante e doces há 50 anos na orla, conta que os anéis olímpicos se transformaram no espaço mais lucrativo da praia.

"O movimento está aqui", empolga-se. "Só não consigo fechar negócio com os argentinos. Eles não compram nada e só reclamam dos preços."

Com uma plaquinha estendida, na qual se lê "acomodação" em inglês, espanhol e português, Miguel Dias Bragas, 20, passa o dia em frente aos aros, anunciando apartamentos de um, dois e três dormitórios, para alugar. "Os anéis viraram a sensação da cidade."

Maiores símbolos da Olimpíada, os aros olímpicos representam a integração entre os continentes. "É como esse bairro: gente de todas as cores, origens, crenças e vindas de todas as partes do mundo", explica Emmanuel Bugingo, 47, que acompanha a equipe esportiva de Ruanda.

Usando o agasalho olímpico da sua seleção, ele aproveitou uma brecha no trabalho para fazer turismo. Mesmo com o tempo cinza nesta amanhã de quarta (3), não hesitou em garantir o seu registro.

"Olha a fila", ouviu, em coro, a pernambucana Maria de Fátima de Souza, 50, que foi vaiada ao desrespeitar o alinhamento. Sem graça, tentou se desculpar: "Ai, gente, foi mal".

Foi mesmo. Já a carioca Ivonete Silva, 53, moradora da Ilha do Governador, zona norte do Rio, aproveitou que estava com atestado médico em mãos (tinha acabado de sair do oftalmologista), não retornou ao trabalho e esperou 15 minutos por sua vez.

"Acho civilizado", disse. "Olha só quantas pessoas de fora estão pegando fila. A gente precisa aprender a respeitar."

Naquele momento, havia por ali cerca de 50 pessoas, todos à espera de cliques.

Com o objetivo de passar a mensagem de sustentabilidade, a escultura, criada pela artista Elisa Brasil, foi feita com plástico reciclado. Mede 3 m de altura e 6 m de comprimento. "Conseguiram promover a preservação ambiental com a celebração olímpica", definiu o estudante americano David Klein, 31.

Para ele, os anéis funcionam como ponto de interação entre turistas e moradores locais. "É uma mistura multicultural, como o Brasil", disse o rapaz, que é de Chicago. Ele acabou esbarrando nos aros por acaso. Inicialmente, seguia para conhecer o Copacabana Palace.

Os aros estão bem em frente ao hotel. Os anéis que foram doados por Londres ficam no parque de Madureira, na zona norte, e há também a hashtag Cidade Olímpica, na praça Mauá, no centro, todos eles com o propósito de promover a interação dos símbolos olímpicos com os seus visitantes.

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