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OPINIÃO

Depois de soto garis e maltesas, cambei

Um ciclo olímpico corresponde a um período de quatro anos para um atleta. Para os telespectadores, dura um pouco menos: duas semanas. É o único tempo em que usamos termos como soto gari, shido, maltesa ou cristo invertido (não é pecado) como se fossem naturais.

Acrescentei um novo verbo nesta Olimpíada: cambar. Acho que inclusive é a primeira vez que escrevo isso: cambei, cambou, vai cambar... Ouvi tudo isso nesta segunda-feira (8), na qual dediquei mais de meia hora do meu dia olímpico à vela. Afinal, trata-se do esporte mais medalhado do Brasil depois do judô.

Na verdade, foi a segunda vez na vida que assisti à modalidade. A primeira foi traumática: em Sydney-2000, na regata final da laser, quando o barquinho de Robert Scheidt não conseguia sair do lugar porque o tal do Ben Ainslie ficava fechando ele. Achei que o inglês deveria perder todos os pontos na carteira de velejador pela manobra. Mas, aparentemente, fazia parte do jogo, e Scheidt ficou com a prata.

Desta vez, era a segunda regata da laser radial, classe feminina. Sem pressão por medalha. Duas descobertas: a primeira, o verbo cambar. "Ela acabou de cambar", falavam na TV. Achei que alguém tinha caído. Precisei de um dicionário para aplacar minha ignorância, e fiquei aliviado: cambar significa apenas "mudar de rumo". A moça não tinha caído.

William West/AFP
Robert Scheidt disputa regata nos Jogos Olímpicos do Rio
Robert Scheidt disputa regata nos Jogos Olímpicos do Rio

Segunda descoberta, e que Robert Scheidt, Marcelo Ferreira e todos os Grael me perdoem, mas vela é muito chato de acompanhar. Pelo menos, na TV.

Quando a câmera abria, contava mais de 20 barquinhos na imagem, aparentemente indo para diferentes direções. Mas todos se aproximavam na hora de contornar a boia. Isso eu entendi. No entanto, na boia, era outra desgraça. Tinha barco dando rodopio, outros correndo por um lado, outros para o outro lado. De repente, o narrador começa a falar do circuito trapezoidal. Hein?

Parceiro de Torben Grael em várias conquistas, Marcelo Ferreira fazia comentários curiosos, dividia sua experiência. Enfim, se saiu muito bem na função no SporTV. Mas não consegui. Até drama iraniano parece mais movimentado. Tentarei novamente nas regatas mais decisivas. A vela merece.

Comentário geográfico "no capricho" do dia, Sérgio Maurício, do SporTV, durante uma luta de judô que parecia pouco interessante: "A gente aprende no colégio que Holanda é Holanda, não é Países Baixos... É até difícil falar, porque não é País Baixo, no singular, são Países Baixos. Ih, e a gente falou, falou e o belga foi lá e... ippon". Amanhã tem mais altos e baixos .

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