Sejamos sinceros. O grito dentro da Arena Carioca 2 estava guardado, dentro do peito, para um ouro. Ele não veio. Transformou-se em bronze, assim como já ocorrera há quatro anos, nos Jogos de Londres.
Faltou intensidade para a gaúcha contornar a estratégia retrancada da francesa Audrey Tcheumeo na semifinal. Por sorte, o judô dá sempre uma segunda chance a Mayra Aguiar.
Aos poucos, ela tem se convertido na judoca (homem ou mulher) mais condecorada do Brasil. São dois bronzes olímpicos, quatro pódios mundiais (um ouro, uma prata, dois bronzes) e três em Pans. Além disso, tem títulos em Grand Prix, Grand Slams, Mundiais de base e tudo o mais.
Mayra conseguiu o que, no judô, pela exigência e pela característica do esporte (tudo acaba num golpe, num piscar de olhos), é raro: ao entrar no tatame, é praticamente certo que ganhará medalha. Resta saber qual cor.
Ela é a única que luta em condição de igualdade com a norte-americana Kayla Harrison, que nesta quinta (11) se tornou bicampeã olímpica –em retrospecto direto, a ianque lidera por nove vitórias contra oito da brasileira.
Sem Mayra no caminho, Kayla levou o título até com certa facilidade.
O grito do ouro ficou entalado, mas nem por isso o feito deve ser desmerecido. O Brasil, após dois dias em branco, volta ao pódio olímpico e o judô, que é o principal ganha-pão nacional há décadas, obtém um respiro depois de dias bem aquém do esperado.
Talvez pouco se comente, mas Mayra se transformou na primeira brasileira, em todos os esportes, a conquistar duas medalhas olímpicas individualmente. Também igualou Leandro Guilheiro, Aurélio Miguel e Tiago Camilo no número de láureas nos Jogos.
Não bastasse isso, é a primeira judoca da seleção com duas conquistas em Olimpíada.
Faltou o ouro. Veio o bronze. Não obstante a frustração, não é nada mal.