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Mesmo após derrota, brasileira é aplaudida de pé no badminton

A brasileira Lohaynny Vicente, 20, havia acabado de perder para a indiana Saina Nehwal, 26. Mas a plateia parecia nem ter reparado. Cerca de 300 brasileiros nas arquibancadas continuaram de pé, aplaudindo, e gritando: "Lohaynny! Brasil!".

Lohaynny, número 70 do mundo em badminton, quase derrotou Saina, que é a número 3.

"Ela marcou 17 pontos contra uma das melhores atletas de badminton do globo. Isso é de outro mundo, estou extremamente feliz", disse José Roberto Santini, superintendente da Confederação Brasileira de Badminton. Em dois sets muito equilibrados, a brasileira perdeu por 21 a 17.

Eduardo Knapp/Folhapress
A brasileira Lohaynny Vicente enfrenta Sainda Nehwal, da Índia, no torneio olímpico de badminton, na Arena Riocentro, nesta quinta-feira
A brasileira Lohaynny Vicente enfrenta Sainda Nehwal, da Índia, no torneio olímpico de badminton, na Arena Riocentro, nesta quinta-feira

Na plateia, dezenas de familiares e amigos de Lohaynny da favela Chacrinha, onde ela cresceu. E cerca de 200 crianças e jovens do projeto Miratus, iniciativa de Sebastião Oliveira para formar atletas de badminton na favela.

"O dia de hoje representa todo meu esforço: valeu a pena treinar descalça, sem raquete e sem peteca boa. Às vezes eu pensava em desistir, mas lutei pelo meu sonho e consegui, este momento vai ficar sempre na minha memória", disse Lohaynny após o jogo.

Lohaynny teve infância dura. Seu pai era traficante no morro do Chapadão e foi morto pela polícia quando ela tinha 4 anos.

Saina Nehwal, a indiana, tampouco teve história fácil. Ela nasceu em Haryana, região indiana onde há o maior índice de abortos de fetos femininos –as famílias preferem ter filhos homens.

"Obviamente é muito difícil nascer em um estado como Haryana, onde os meninos recebem muito mais atenção. Mas acho que as coisas estão mudando e tenho orgulho de ser desse Estado", disse.

Todos esperavam que fosse uma vitória de lavada para Saina. Ela elogiou a atleta brasileira.

"Ela jogou muito bem, estava em todos os lugares", disse. "E foi bom ver as pessoas torcendo por ela, encorajando."

Lohaynny citou a judoca medalha de ouro Rafaela Silva, que, como ela , também veio de uma comunidade carente. "A Rafaela é uma guerreira, merecia esse ouro, por tudo o que ela passou na outra Olimpíada. Ela acreditou nela mesma e nunca largou o judô."

A brasileira joga neste sábado (13) contra a ucraniana Maria Ulitina.

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