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Campeão olímpico, Robson buscou o boxe para brigar no Carnaval de Salvador

Primeiro brasileiro a ganhar medalha de ouro no boxe, Robson Conceição, 27, peso leve (até 60 kg), entrou para o esporte aos 13 anos com pretensões pouco ligadas ao espírito da Olimpíada.

Ele queria melhorar sua técnica para usá-las nas brigas de rua do Carnaval de Salvador, onde nasceu.

Adolescente rebelde, inicialmente treinava no quintal de casa com materiais improvisados. Um amigo que treinava em uma academia local que lhe ensinou os primeiro golpes.

A transição para profissionalização foi quando uma academia do bairro em que morava passou a dar aulas grátis de boxe.

Já adulto, conquistou títulos importantes. Participou dos Jogos Olímpicos de Pequim-08 e Londres-12, mas perdeu na primeira luta em ambos os eventos.

"Foram quatro anos sofridos de treinos fortes desde a derrota em Londres. Estou mais maduro e completamente focado", disse ele, garantir classificação para a semifinal da Rio-2016 .

Após as derrotas olímpicas, venceu campeonatos e hoje é o quinto do ranking da AIBA, a associação do boxe amador, que comanda o boxe olímpico.

É bicampeão Pan-americano –Chile-13 e Venezuela-13–, levou prata no Mundial do Cazaquistão-13 e o bronze no Qatar-15.

DA FEIRA AO RINGUE

Robson sabe como o esporte pode mudar vidas. É graças ao boxe que ele consegue dar a sua filha uma vida mais confortável que a sua.

"Na minha infância, eu passava o maior tempo com minha avó. Ela trabalhava em feira, vendendo frutas e legumes. Eu acordava com ela às 4h para ir à feira, que era em São Joaquim, a feira mais conhecida de Salvador. Voltava para o bairro de Boa Vista de São Caetano para armar a barraca, deixar tudo pronto para ela. Ia para a escola de manhã, ficava na barraca à tarde e à noite ia treinar."

O "treinador" era um amigo, Luiz, que frequentava uma academia de boxe do bairro. "

"Não tem como você me ensinar o que você aprendeu na aula hoje?", pediu Robson, e a casa do amigo virou um ringue improvisado.

Curiosamente, hoje outro Luiz orienta os golpes de Robson. É Luiz Dórea, que já trabalhou com Acelino "Popó" Freitas, campeão mundial de boxe profissional. Ele acompanha o pugilista nos treinos em Salvador.

Na época de menino, Robson enfaixava as mãos com ataduras, e um amigo protegia as dele usando sandálias de borracha. E lá começa a troca de golpes.

Até que o garoto, que usava as lições aprendidas com o amigo em brigas na escola, conseguiu vaga em uma academia, graças a um projeto de inclusão social.

Ele não pagava pelas aulas, mas precisava de dinheiro para comer, se vestir, se deslocar pela cidade.

"Continuei trabalhando, vendia picolé na praia, limão na sinaleira, trabalhei como ajudante de cozinha, carregando compras também, já fiz mil e uma coisas. Com 17 anos, fui campeão brasileiro. Lutei com homem de 25, 30 anos e fui campeão".

Assim como aconteceu nesta terça-feira, quando fez o que ninguem.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

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