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Espaços dedicados aos países dos Jogos celebram diversidade e atraem multidão

É fácil perceber quem ali é estrangeiro. Não só pelas feições, mas porque, geralmente, costumam transitar com a camisa do seu país de origem ou com uma bandeira enrolada pelo corpo. O clima é festivo, mas torcedor é torcedor, em qualquer canto da terra.

Comida boa, gente animada e, por que não, uns bons drinques amenizam qualquer possível azedume, típico das rivalidades esportivas.

Espalhadas por diferentes pontos do Rio, as "casas de hospitalidade", como são chamadas, ou "hospitality houses", como preferem os gringos, reúnem brasileiros e estrangeiros diante de telões, num clima de convivência e intercâmbio cultural.

Quem não estiver a fim dos Jogos poderá curtir o cardápio variado de atrações, que vai de balada a patinação, de dança com espadas a reunião de negócios. Ou seja, o mundo inteiro numa só cidade.

Com sorte, dá até para cruzar com o ganhador do Oscar de 2015 pelo filme "A Teoria de Tudo", Eddie Redmayne. O ator inglês esteve em uma das casas mais badaladas e chiques desta Olimpíada no Rio, a da Omega. Pena que o espaço é camarote exclusivo de convidados.

A Folha selecionou alguns endereços concorridíssimos que valem o tempo de espera na fila e até mesmo investir uns trocados no ingresso. É bom que se diga, há também nessa lista uma casa que exige muito mais que isso: a da Holanda, que cobra R$ 160 pela entrada e oferece estrutura de resort aos visitantes.

Por R$ 20, no entanto, dá para conhecer um cultura ainda desconhecida entre nós e provar um lanchinho preparado pelo chef Alex Atala.

A maioria continua de portas abertas até a Paraolimpíada. Quem não veio ainda tem tempo de vir.

Holanda
Pegue a tradição holandesa de fazer boas festas e o charme carioca, jogue tudo dentro de um clube e ligue o som. Essa é a atmosfera do quartel general montado pela Holanda em parceria com a Heinecken, no Clube Monte Líbano, para celebrar os Jogos Olímpicos. E põe celebrar nisso.

Há festas todos os dias e o lugar já virou um dos favoritos pelo público que frequenta os estádios e gente que só está atrás de ferveção. Todas as áreas do clube foram ocupadas por algum tipo de programação. Isso quer dizer que durante o dia dá para praticar esportes como natação, basquete, futebol, vôlei de praia, e até aulas de stand up paddle, que acontecem na praia do Leblon. Tudo incluído no mesmo pacote.

A área da piscina é super disputada por ter vista privilegiada para o enorme telão de 60 metros quadrados que fica sintonizado na Olimpíada o dia todo, em um canal holandês. É aqui que acontecem as pool parties, com DJs importados.

A alimentação é variada, mas tudo é pago à parte do preço da entrada.

À cada medalha conquistada é noite de festa especial para o atleta vencedor. Ele ganha uma placa circular, feita na hora, com nome, modalidade e feito, que é colocada no chão da boate do clube, numa grande celebração. "Temos tradição em hospitalidade. Fomos os primeiros a fazer esse tipo de espaço na Olimpíada de Barcelona, em 1992. Era bem pequeno, mas fomos ganhando experiência e espaço para ser sempre a melhor casa", diz Hans Erick, diretor global de patrocínio da marca de cerveja.

O ingresso dá direito a uma pulseira com passe livre de um dia. Quem quiser, pode curtir a piscina, os esportes, ir pra casa e voltar pra balada de banho tomado.

Holland Heineken House
Endereço: Clube Monte Líbano - Avenida Borges de Medeiros, 701 - Leblon
Até o dia 21/09
Todos os dias, das 11h às 1h.
Ingressos: 45 euros (cerca de R$ 160) www.hollandehousetickets.com.br

Reino Unido
Nem só de festas vivem as casas que carregam as bandeiras de seus países. A British House tem misto de programação esportiva, cultural e de negócios. Mas tudo com o espírito das competições.

Um grande telão foi colocado no pátio do histórico prédio central do Parque Lage, um dos locais mais bonitos da cidade, encravado entre a Mata Atlântica e os pés do Corcovado. "A escolha foi um tanto óbvia para nós porque o local reúne história, natureza, e o jardim ainda foi projetado por um paisagista inglês", comemora a cônsul-geral britânica em São Paulo, Jô Crellin. De fato, parte do projeto é de John Tyndale e foi feito por volta de 1840.

Reprodução/Twitter/UK in Brazil
British House durante cerimônia de abertura da Rio-2016
British House durante cerimônia de abertura da Rio-2016

Para frequentar o espaço os interessados devem acessar a programação pelo site e se inscrever nos eventos. Há painéis de discussão sobre os desafios ambientais, debates sobre a questão do doping, a questão do esporte inclusivo.

Um dos mais disputados, no entanto, deve ser a encenação da peça "A Tempestade", que marca os 400 anos da morte do dramaturgo inglês William Shakespeare.

A British House hospeda também o espaço do Team GB (Time Britânico) e por isso recebe todos os dias um desfile dos atletas e medalhistas olímpicos. Não faltam pratos típicos como o "fish and chips" (peixe com fritas) e chá servido no fim da tarde.

Os ingleses vão deixar um legado para os frequentadores do parque. Um elevador para acesso de portadores de deficiência, um banheiro adaptado e a restauração de algumas salas de aula.
British House

Endereço: Parque Lage - Rua Jardim Botânico, 414, Jardim Botânico
Até 05/09
Todos os dias, os horários variam de acordo com a programação. As inscrições devem ser feitas pelo site www.britishhouse.com.br

Dinamarca
A polêmica do pode-não-pode das manifestações políticas nas arenas esportivas não chegou ao pavilhão dinamarquês. Aqui, o visitante está autorizado a formar as palavras e as frases que quiser no Happy Wall, um grande mural inspirados nos construídos no país para esconder as obras do metrô, com esse apelo lúdico. "Pode escrever 'fora Temer', 'fora Dilma', 'fora qualquer coisa', é o espírito democrático da Dinamarca", disse o Bruno Galvão, relações públicas da Visit Denmark.

O país fincou bandeira na praia de Ipanema e construiu um pavilhão de 300 metros quadrados, com arquitetura inspirada em Oscar Niemeyer. Todos os finais de tarde são embalados por DJs badalados e há uma extensa programação com atividades culturais, mas o espaço é uma grande vitrine do estilo de vida sustentável dinamarquês, onde nove em cada dez pessoas utiliza a bicicleta como meio de transporte.

Reprodução/Twitter
Pavilhão da Dinamarca na praia de Ipanema, montado para os Jogos Olímpicos do Rio
Pavilhão da Dinamarca na praia de Ipanema, montado para os Jogos Olímpicos do Rio

O visitante pode fazer um tour virtual e conhecer mais das belezas do país, apreciar a exposição de diferentes tipos de bicicleta. Se acabar a bateria no celular, é só montar em uma das quatro magrelas que servem como carregadores, e funcionam movidos a pedaladas.

Para as crianças, a maior atração é a Casa Lego, marca mais do que tradicional do país. A visita é concorrida e a recomendação é que os visitantes retirem as senhas assim que o espaço for aberto, pois elas são limitadas por dia.

Hoje (14), acontece um concurso inspirado na Pequena Sereia, conto de Hans Christian Andersen. Os participantes precisam se fantasiar da personagem central. Há 70 inscritos, e as participações são exclusivas a pessoas da comunidade LGBT, ou seja transformistas, transexuais, cross dressers, drag queens. Imperdível.

- Heart of Denmark
Endereço: Praia de Ipanema, Porto 10
Até 21/9
Todos os dias, das 11h às 22h
Entrada gratuita
Mais informações, www.visitdenmark.com.br

FRANÇA
De frente para a lagoa, numa área verde, coberta de mata atlântica, com o Cristo no alto, a casa francesa é considerada um dos ambientes mais agradáveis entre as "hospitality houses" do Rio de Janeiro.

Numa espaçosa área dentro da hípica, o cheiro de boa comida conduz os visitantes diretamente à praça de alimentação, a Place du Marché, onde estão estacionados sete food trucks, todos eles com uma pegada francesa no cardápio. Entre os destaques, há crepes doces (de R$ 13 a R$ 20), salgados (R$ 25) e sanduíches na baguete, do Rio Je t'Aime, do bretão Olivier Cozan. Estes, disputadíssimos.

"Tirei o dia de folga para conhecer esse lugar tão bonito, dono de uma comida saborosa, com preços acessíveis", disse o designer Gustavo Rangel, 34. "É um ambiente muito agradável, onde se misturam brasileiros, franceses e tantos outros estrangeiros."

Claude e Thomas Troisgros também se revezam na cozinha, mas esse revezamento é destinado somente no preparo de pratos para os convidados.

A grife francesa Lacoste, que patrocina a delegação olímpica e é uma das 22 parceiras da casa francesa, tem uma loja para venda da coleção criada para os Jogos.
Nessas noites de temperatura agradável, o espaço se transforma, à noite, numa boate, com festas dos clubes Café de La Musique, Privilège Brasil e Pacha, com ingressos cobrados à parte. Os preços começam em R$ 80.

Como não poderia ser diferente, a Casa da França exibe um fortíssimo esquema de segurança: são ao menos 250 homens que vigiam o clube, com 30 cães farejadores. "Pegamos uma fila para passar pelos raios-x e também pela revista, mas acho que depois que a França passou é mais que justificável, não é mesmo?", contou a empresária Carla Noel, 33. "Valeu a pena. Esse lugar é lindo. Ah, põe aí, e seguro!"

ONDE FICA Club France - Sociedade Hípica Brasileira. Av. Lineu de Paula Machado, 2.448. Lagoa Rodrigo de Freitas. Até o dia 21/08*
De: segunda a domingo, das 12h às 2h
Ingressos: R$20,00 (inteira) pelo portal www.clubfrance.com.br e/ou na bilheteria da casa
*Nos dias 4, 6, 11, 12, 13, 18, 19 e 20 a casa recebe festas temáticas que devem ser compradas separadamente e que ocorrem das 23h às 5h.

SUÍÇA
São 9h45, e a barulheira da garotada anuncia: a fila, que contorna parte da lagoa Rodrigo de Freitas, está fervendo. Ao todo, mais de 150 pessoas, a maioria crianças com seus pais, espera ansiosamente a hora da largada.

A chilena Barbara Sapunar, 42, que mora em São Paulo há 12 anos, tirou uns dias férias para assistir aos Jogos no Rio. Estava com os filhos, Sebastian, 10, e Fernanda, 7. "Aqui, a comida é boa e dá para curtir o Rio ao ar livre, com essa linda vista", disse ela.

A garotinha esperava para patinar. "Não é gelo, né?", questionava. Não é, Fernanda. Com 4.100 m2, um dos espaços mais disputados é o rinque de patinação, com capacidade para 50 pessoas (25 entram por vez).

Luiza, 8, filha da fisioterapeuta Maria Elisabete Cartolano, 46, também aguardava pela sua vez. "É uma oportunidade de a gente conhecer outras culturas, num ambiente tranquilo e seguro", apressou-se em dizer a mãe. "Fora que a cidade está num clima tão gostoso, né? Uma oportunidade do carioca conhecer gente de todo o mundo. Uma maravilha."

Outro destaque que enlouquece a garotada (e também os adultos, tirando selfies) é um globo gigante, onde é possível experimentar a sensação de tocar e ver neve, como nos Alpes suíços, olhando para o Cristo Redentor.

A casa de hospitalidade também conta com uma minifazenda urbana, onde são gerados alimentos sem agrotóxico ou antibiótico, bem ali, na zona sul carioca.

Há ainda degustação de vinhos suíços e venda de comida típica daquele país, como o salsichão e queijo derretido com batata e picles (R$ 25, cada um).

No fim de tarde, a casa ganha uma nova faceta: começa a chegar uma galera mais jovem, e o clima Disneylândia dá lugar à balada. À noite, nos fins de semana, o espaço vira uma pista de dança com direito a DJ.

ONDE FICA House of Switzerland
Endereço: Campo de beisebol da Lagoa Rodrigo de Freitas, perto do Corte Cantagalo
Até o dia 18/09
De: segunda a domingo, das 11h às 23h.
*Entre os dias 22.08 a 06.09
De: Terça a Sexta: 17h às 23h e Sábado e Domingo das 11h às 23h

Leo Pinheiro/Valor
Data: 09/08/2016 Editoria: Empresas Reporter: Alessandra Saraiva Local: Rio de Janeiro, RJ Pauta: Casa tematica do Qatar. A casa tem sido um sucesso de prublico desde a abertura no dia 05 de agosto Setor: Cultura Personagem: Casa do Qatar, fotografado em Botafogo Tags: pessoas, arabe, Casa Daros, Catar, Doha Fotos: Leo Pinheiro/Valor ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
Casa temática do Qatar

QATAR
É mais que uma casa. É um palacete, com uma área livre que se estende por 1.400 m2, o chamado "souq", "feira livre", em árabe. Só o jardim, ornamentado com pés de manjericão, cardamomo, oliveiras e romãs, ocupa 81 m2. No fundo, um telão exibe imagens daquele país. Nele, há um palco, onde são apresentados eventos, como a tradicional "ardah", dança folclórica do Golfo Arábico, na qual se formam duas fileiras de homens, cada um empunhando uma espada. A coreografia é acompanhada por tambores e poesia falada.

Nas laterais do "souq", tendas se abrem para os visitantes. Em uma delas, é possível posar para fotos trajando vestimenta típica de lá. Na outra, formam-se filas de interessados em ver seu nome escrito em árabe. Ao lado, mulheres pintam as mãos com rena. Outras duas distribuem sanduíches preparados pelo chef Alex Atala.

Ele e o colega Breno Berdu viajaram para o Oriente Médio. "Fizemos um trabalho de imersão na cultura do Qatar", conta Atala. "A partir dessa imersão, preparamos um cardápio com pratos típicos e também com um 'menu fusion', que traz a identidade do meu trabalho com inspirações qatari, como especiarias, preparos."

O menu é um mix: "Temos pratos com a nossa identidade, que levam, por exemplo, o mini-arroz, o tucupi, o pirarucu, o chibé, lado a lado com receitas típicas de lá, como o marquq, um frango cozido em cama de pão pita, e o cordeiro assado com tahine e batatas com cominho", explica.

"Há fartura de especiarias e rituais específicos como o do chá e do café." Segundo o chef, eles não prepararam nada que levasse algum tipo de bebida alcoólica. O ponto das carnes também tem de ser sempre bem passado (a suína foi descartada, por questões religiosas).

"O que importa é, além de fazer o bom uso da técnica, respeitar o ingrediente e trazer o máximo de seu sabor." E conclui: "O legal desse intercâmbio gastronômico proposto pelas casas temáticas é ter contato com pratos que nunca provamos".

Nem o chef nem a casa fala sobre investimentos.

O palace funciona na grandiosa Casa Daros, antigo museu e patrimônio histórico do Rio de Janeiro.

"É um mergulho na cultura árabe", acredita a advogada Vivian Silveira, 39. "Temos muito curiosidade a respeito do Oriente Médio, sobre o mundo muçulmano. Acho que fatores assim, e, é claro, a comida de Alex Atala explicam o sucesso dessa casa."

É comum presenciar filas com mais de cem pessoas. Devido à grande procura, o horário de visitação foi ampliado.

Dentro do casarão, a Bayt Qatar possui duas áreas de exposições temáticas e interativas que recebem visitas guiadas: uma é focada nos atrativos e riquezas turísticas e culturais do Qatar e de sua capital, Doha. A outra, a "Sports Exhibition", como o próprio nome diz, se debruça sobre as atrações olímpicas daquele país.

Depois de esperar uma hora e meia para entrar, o economista Christian Claassen, 51, definiu assim sua experiência: "É apenas uma avant-première no país do futebol, que, no momento, é vitrine do mundo, do que eles pretendem fazer na Copa de 2022".

Bayt Qatar Casa Daros. R. Gen. Severiano, 159, Botafogo
De segunda a quinta, das 15h às 22h; sextas e sábados, das 15h à 0h; domingos, das 15h às 22h
Ingressos: R$ 20
Só podem ser comprados pelo site: http://www.baytqatar.qa/en/register/general/

Ele dá direito a dois tickets para consumação de comidinhas típicas desenvolvidas pelo chef Alex Atala.

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