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Brasil passa em branco na natação pela primeira vez desde Jogos de Atenas-2004

Com o oitavo lugar de Etiene Medeiros (50 m livre) e o sexto do revezamento 4 x 100 m medley nas finais deste sábado (13), a natação brasileira deixa os Jogos Olímpicos do Rio com viés de baixa na competição em que deveria ter atingido seu apogeu.

A equipe nacional, que teve seu maior número de participantes na história do evento (33), não transformou o bom ciclo olímpico que fez em resultados no Estádio Aquático.

A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) se defende e aponta que os nadadores obtiveram o recorde de finais, oito, contra cinco de Pequim-2008 e seis de Londres-2012. Porém, há um diferencial incontestável: nas duas edições olímpicas referidas, o Brasil saiu com dois pódios em cada uma. Além disso, obteve na piscina cinco pódios no Mundial de Barcelona, em 2013, e quatro no de Kazan, em 2015.

Lucas Lima/UOL
Etiene Medeiros na disputa da final dos 50 m livre, em que acabou em 8° lugar
Etiene Medeiros na disputa da final dos 50 m livre, em que acabou em 8° lugar

Na China, Cesar Cielo faturou ouro nos 50 m livre e bronze nos 100 m livre. Na Inglaterra, Thiago Pereira foi prata nos 400 m medley e Cielo acabou com o bronze nos 50 m livre.

No Rio, o melhor resultado até a sexta (12) foram os quintos lugares de João Gomes Júnior nos 100 m peito e do revezamento 4 x 100 m livre.

A última vez que a natação do país deixou uma Olimpíada sem medalha foi em 2004.

PERFORMANCE EM QUEDA
Mais temerário do que a falta de medalhas em si foi a decaída brusca nos tempos. Só Manuella Lyrio (200 m livre), Etiene Medeiros (50 m livre) e o 4 x 200 m livre feminino bateram recordes continentais.

No mais, o que se viu foram pioras acentuadas. A mesma Etiene que faria neste sábado -após a conclusão da edição- a final dos 50 m livre nem passou das eliminatória dos 100 m costas. Marcou 1min01s70, sendo que seu melhor na carreira era de 59s61, de 2015.

Leonardo de Deus ficou fora da decisão dos 200 m borboleta por nadar 1s6 mais lento do que sua melhor marca pessoal. Se apenas se aproximasse dela, estaria na final.

Durante a semana, ele chegou a dizer que a natação "não estava fazendo bonito". Depois, moderou o discurso.

Nos 200 m peito, Thiago Simon obteve um tempo nas eliminatórias praticamente seis -é isso, seis- segundos mais fracos do que quando conquistou a medalha de ouro no Pan de Toronto, há um ano.

Houve dois casos que, no entanto, foram mais dolorosos. Principais chances de medalha do país, Thiago Pereira e Bruno Fratus ficaram, respectivamente, em sétimo e sexto nos 200 m medley e 50 m livre.
Se tivessem feito as melhores marcas, poderiam ter sido prata e ouro, pela ordem.

"Foi muito ruim", resumiu Fratus, com franqueza, após terminar sua prova, vencida pelo norte-americano Anthony Ervin, 35, com 21s40.

Martin Bureau/AFP
Bruno Fratus era esperança de medalha para o Brasil, mas não conseguiu ficar no pódio
Bruno Fratus era esperança de medalha para o Brasil, mas não conseguiu ficar no pódio

Fratus fez, em dezembro passado, 21s37 durante a primeira seletiva olímpica nacional, realizada em Palhoça. Cesar Cielo perdeu a vaga nos Jogos em abril, na seletiva.

Para Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA, a natação brasileira atravessa um "período de entressafra", com a chegada de novos nomes em substituição a veteranos.

"Todo planejamento foi feito e construído. A aclimatação foi a melhor possível. Vamos ter que analisar o que aconteceu, quem melhorou, quem piorou", complementou.

Moura afirmou que "gostaria de ter uma medalha" e que, dentro da equipe, houve níveis diferentes de ambição. "Não houve o mesmo nível de experiência, de desejo", afirmou.

No Rio, a equipe brasileira teve 33 nadadores. A CBDA mudou o critério de convocação para inchar a equipe: em vez de usar o tempo do oitavo colocado do Campeonato Mundial imediatamente anterior, usou índices estabelecidos pela Fina (Federação Internacional de Natação).

Moura disse que a tendência é a de que, no futuro, volte a adotar critérios mais rígidos. "Nós vamos avaliar com carinho."

O treinador-chefe da equipe masculina, Alberto Pinto da Silva, considera que houve "dificuldade de concretizar" oportunidades criadas com as chegadas em finais.

"Acho que nós evoluímos. Nós sempre esperamos medalhas, mas a natação não é um esporte matemático", disse o nadador Guilherme Guido.

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