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Os Grael chegaram a oito medalhas? O clube Sailing já tem 15

A maior preocupação de Axel Grael e companheiros pouco antes da família receber a oitava medalha de ouro olímpica é dar visibilidade à bandeira do "clube". "Dá pra elas, dá pra elas", grita um deles com o galhardete na mão, triangular, branco com faixas vermelhas que se cruzam. "Não pode, os caras não deixam", diz outro que, com uniforme da Rio-16. "Vão achar que é da Dinamarca." "Dinamarca é o contrário, parece mais com a da Inglaterra."

O clube é o Rio Yacht Club, o Sailing, 200 sócios, a maioria pulando e gritando na praia do Flamengo durante a tarde desta quinta (18). Fundado em 1914, associação sem fins lucrativos, para congregar "pessoas interessadas em promover e praticar o iatismo", segundo seu site, fica do outro lado da baía de Guanabara. "Exatamente naquela direção", diz Axel, irmão de Torben e Lars, apontando para a cidade de Niterói, onde é vice-prefeito.

Se os Grael contam agora 8 medalhas, o Sailing se orgulha de abrigar 15 entre suas garagens. Entram na conta da instituição também as dos proeiros Marcelo Ferreira (4), Clinio de Freitas (2) e Isabela Swamn (1). Entram títulos pan-americanos, sul-americanos, norte-americanos e brasileiros. Entram vários mundiais, inclusive o tricampeonato na Snipe dos gêmeos Axel e Erik Schmidt, tios de Lars, Torben e Axel, que, nos anos 1960, transformaram aquilo que a família Schmidt Grael fazia, esporte de lazer, em esporte de competição.

"Esse pódio inteiro na verdade é nosso", avalia Axel, lembrando que as neozelandesas Alex Maloney e Molley Meech, prata na 49er FX, "moram" há dois anos no clube, que escolheram como base de preparação para a Olimpíada. As dinamarquesas Jena Hansen e Katjya Steen Salskov-Iversen, bronze no pódio, chegaram lá há alguns meses.

Que esporte é esse? - Olimpíada - Folha de S.Paulo

O Sailing é uma espécie de grande família, que ignora o telão instalado pela Olimpíada e assiste a corrida a olho nu, à beira do mar. "Ahaa, uhuu, essa raia é nossa." Falam de contravento, baliza, boia e cambar. "Agora sim pegaram uma rajada legal." A perspectiva da disputa, mesmo para olhos treinados, as vezes é limitada e causa momentos de silênciosa tensão. Os gritos de euforia surgem quando as velejadoras montam a boia, a contornam, e dão referência à corrida..

O processo se futeboliza, como quase tudo nesta Olimpíada, após a última boia. Martina Grael e Kahena Kunze passam o barco da Nova Zelândia e velejam para a vitória. A perspectiva agora é claríssima na praia, mas um dos do clube não dispensa um sonoro e natural naquelas circunstâncias "Vai caralho".

O barco brasileiro cruza a linha de chegada e os mais jovens e outros nem tanto pulam na água poluída da baía, "quem diria, hoje quase cristalina", na descrição de um local, para nadar até as vencedores. A equipe da Globo, microfone na mão, quase fica sem ter quem entrevistar.

Mais uma medalha de ouro carioca, como a da judoca Rafaela Silva, comemorada de um jeito carioca bem diferente do Rio de Cidade de Deus. "Carioca de Niterói", sublinha o vice-prefeito, como faz uma mulher ao perceber o nome da Folha na credencial. "Pelo amor de Deus, lembra que a Kahena é paulista."

Editoria de Arte/Folhapress
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