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Olimpíada do Rio leva estrangeiros a viver Carnaval fora de época

A vida noturna do Rio ganhou ares de Carnaval fora de época durante as duas semanas dos Jogos Olímpicos. O movimento foi tão intenso que, em diversas ocasiões, ruas tomadas por multidões tiveram que ser fechadas ao tráfego de veículos.

Assim como ocorre nas praias cariocas, houve uma espécie de separação informal de territórios: enquanto turistas brasileiros e cariocas de todos os cantos lotaram o Boulevard Olímpico, turistas estrangeiros preferiram a Lapa, reduto boêmio da capital.

"Um amigo carioca nos disse que, se estamos no Rio, tínhamos que vir à Lapa", contou a argentina Felicitas Roldán, 26.

Tasso Marcelo/AFP
Turistas tiram fotos em frente à pira olímpica na Candelária, na região central do Rio
Turistas tiram fotos em frente à pira olímpica na Candelária, na região central do Rio

Nos dias mais cheios, o tráfego chegou a ser interrompido na rua avenida Mem de Sá, onde há maior concentração de bares, enquanto milhares de pessoas tomavam o asfalto, muitas delas com copos de caipirinha nas mãos.

"Onde eu moro, isso nunca seria permitido", comentou, surpreso, o americano Cordell Fincher, 40, que vive no estado de Utah, e esteve na Lapa pela primeira vez na noite de sábado (13).

O movimento fez a festa de donos de bares e vendedores ambulantes.

"Esses gringos bebem para caramba", comemorou um rapaz com uma bandeja de copos com sal e uma garrafa de tequila nas mãos. "Estou vendendo o dobro de um dia normal."

Com diversas atrações, entre casas temáticas e shows gratuitos, o Boulevard chegou a ter 150 mil pessoas em uma só noite. As ruas do entorno da Praça Mauá, onde foi instalado o palco principal, foram fechadas ao tráfego e o VLT teve a circulação interrompida nos momentos de maior movimento.

O grande número de atrações ao ar livre, porém, foi motivo de queixa dos produtores culturais da cidade, que sofreram com a pouca audiência em festas fechadas durante a Olimpíada.

"Shows incríveis, de graça, em praça pública. É lindo. Parece boa política. Só não esqueçam que essa dinâmica repetida à exaustão em horário noturno mata o circuito de palcos da cidade", escreveu o produtor cultural Léo Feijó, sócio de uma rede de casas noturnas.

"A cada Olimpíada, Rock in Rio e Carnaval isso se repete. É inviável. Falta estratégia nessa política. Vamos pensar isso a longo prazo? Se combinar, cabe todo mundo", completou.

A possibilidade de festejar na rua, porém, parecia unanimidade entre os turistas estrangeiros.

"É legal estar no meio das pessoas, sentir a música e o ritmo", disse a neozelandesa Alexandra McDonald, 28, que também se surpreendeu com a festa na rua.

"Aqui é bem livre. Na Nova Zelândia, não se pode beber nas ruas, você tem que estar em algum lugar fechado."

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