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Prestes a sediar a Paraolimpíada, Rio tem apenas ilhas de acessibilidade

Prestes a sediar a Paraolimpíada, a partir do dia 7 de setembro, o Rio ainda está longe de se tornar cidade acessível para pessoas com deficiência.

Áreas turísticas e transportes como BRT, VLT e metrô se tornaram mais acessíveis, mas transitar de um ponto a outro por meio de um sistema de ônibus convencional ainda são grandes desafios.

Coordenadora do núcleo Pró-Acesso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que estuda o tema, a arquiteta Regina Cohen considera que o município perdeu a oportunidade, gerada pelos Jogos, de se tornar plenamente acessível.

Melhorias foram realizadas em pontos turísticos, transportes e instalações esportivas, mas precisavam ser feitas de forma mais ampla em toda a cidade, diz.

A Folha acompanhou o cego Vítor Marques, 70, e o cadeirante Ubirajara Carvalho, 46, em passeios pelo Rio, para testar a acessibilidade de pontos como o Boulevard Olímpico e Copacabana.

Professor do Instituto Benjamin Constant, dedicado aos deficientes visuais, Vítor tem dificuldades para sair da Lapa, onde reside, em direção à Cinelândia, também na região central, para pegar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

Ele é obrigado a desviar de buracos em calçadas com pouca conservação e sofre com a ausência de semáforos sonoros no trajeto –há apenas sete deles na cidade.

O acesso ao novo bonde elétrico que leva ao Boulevard Olímpico, porém, foi elogiado pela plataforma no mesmo nível da composição.

O boulevard, no entanto, peca pela ausência de piso tátil de alerta na beira do cais. A intervenção só está no entorno dos trilhos do VLT.

Os problemas do cadeirante Ubirajara Carvalho, 46, também começam na porta de casa. Fotógrafo e morador do Complexo da Maré, ele precisaria pegar um ônibus em direção à Copacabana na avenida Brasil, que margeia o conjunto de favelas.

Mas os os ônibus convencionais, equipados com elevadores para cadeirantes, não são solução. Mesmo com a obrigatoriedade do elevador, muitos estão quebrados ou os motoristas não sabem operar direito, diz.

Com isso, Ubirajara anda de cadeira de rodas por cerca de 25 minutos até a estação de BRT mais próxima. No percurso, uma das maiores dificuldades é a inclinação das rampas nas passarelas.

Eu chamo essa aqui de Kilimanjaro, só consigo subir com a ajuda de alguém, diz, apontando para a passarela da estação BRT Maré.

Responsável pelos ônibus do Rio, a Fetranspor diz que 91% da frota é equipada com elevadores e que, em caso de quebra, os veículos são recolhidos para reparo. Para experts, a melhor saída é o ônibus com chassi rebaixado.

Ubirajara diz que a acessibilidade do sistema BRT e do metrô tornam a viagem mais confortável, mas o tempo de trajeto aumenta em ao menos 90 minutos. Nestes sistemas, a plataforma no nível das composições e a ajuda de funcionários treinados foram motivo de elogios dele.

As pessoas não entendem que mobilidade não é só um problema de transporte. Envolve oportunidades como trabalho, estudo e diversão.

Em Copacabana, o passeio foi aprovado. As rampas e o calçamento liso ajudaram.

O bairro está entre os locais atendidos por um projeto de R$ 2 milhões da prefeitura para adaptar algumas rotas turísticas da cidade.

Questionada pela reportagem, a prefeitura do Rio afirma que, ao longo de seis anos, construiu 8.245 rampas de acessibilidade no programa Bairro Maravilha.

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