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Prata nos 100 m, americana que viveu em orfanato tenta ouro na maratona

Pouco mais de 12 horas depois de conseguir a sua quinta medalha na Paraolimpíada do Rio, a russa naturalizada norte-americana Tatyana McFadden, 27, vai em busca do ouro no início da tarde deste domingo (18) na prova mais desgastante do atletismo.

A partir das 12h30, ela vai disputar, de cadeira de rodas, a maratona no circuito de 42, 125 Km armado na orla de Copacabana.

Independente do resultado deste domingo, Tatyana já é a maior vendedora do atletismo nos Jogos do Rio.

Até agora, ela conquistou quatro medalhas de ouro em provas com caraterísticas distintas (5.000m, 1.500m e 400m, 800m), além da prata nos 100m.

"Quero agora apenas descansar para fazer uma boa prova amanhã [neste domingo]", disse Tatyana, ao deixar o Engenhão na noite de sábado (17) após vencer a prova dos 800m

O calor deve castigar os para-atletas neste domingo. A temperatura prevista para a largada é de 30º c.

"Estou feliz demais com tudo que está acontecendo no Rio. Treino o tempo todo. Essas conquistas são fruto disso", afirmou a norte-americana, sem conseguir explicar o seu sucesso em provas tão diferentes.

Em quatro edições da Paraolimpíada de verão, ela já soma 15 medalhas. A russa obteve também um pódio nos Jogos de Inverno.

'ANDANDO' COM OS BRAÇOS

A para-atleta de 27 anos tem uma história impressionante. Ela nascera com a espinha bífida, quando a coluna vertebral não se fecha por completo, e foi deixada com paralisia nas pernas pelo familiares em um orfanato em São Petersburgo, na Rússia.

Lá, ela aprendeu a se locomover com os braços e só foi sentar numa cadeiras de rodas aos seis anos após ser adotada pelo norte-americana Debbie McFadden. A mãe adotiva de Tatyana ajudou a escrever nos anos 90 a legislação marco nos EUA que proíbe a discriminação com base na deficiência.

Na nova casa, ela começou a fazer esporte e não parou mais. Praticou ginástica artística, basquete em cadeira de rodas, natação e hóquei adaptado. O atletismo entrou na sua vida aos 9 anos.

Tasso Marcelo/AFP
US Tatyana McFadden scores a record in the category Women's 5000m - T54 at Engenhao Stadium during the Paralympic Games in Rio de Janeiro, Brazil, on September 14, 2016. / AFP PHOTO / TASSO MARCELO ORG XMIT: TAS988
Tatyana McFadden durante a prova dos 5.000 m - T54

PRECONCEITO

No esporte sofreu preconceito. Em 2004, após conseguir as suas duas primeiras medalhas na Paraolimpíada de Atenas, ela e sua família começaram a travar disputas judiciais para competir com atletas sem deficiência. Os dirigentes alegavam que a russa tirava vantagem sobre as adversárias por usar cadeiras de rodas.

Só conseguiu competir pelo time da escola após a Justiça garantir o direito. O feito serviu de base para a decisão histórica do Departamento de Direitos Civis de Educação dos EUA. Há três anos, o órgão determinou que os distritos escolares são obrigados a proporcionar igualdade de acesso nas atividades extracurriculares para todos os alunos.

Além de fazer história fora da pista, Tatyana continuava colecionando vitórias.

Em Pequim-08, ela conseguiu quatro medalhas (três de prata e uma de bronze). Nos Jogos de Londres-12, a norte-americana garantiu mais quatro medalhas (três de ouro e uma de bronze).

REENCONTRO COM A MÃE

Ela também foi medalhista nos Jogos de inverno. Em Socchi-14, ela conseguiu o bronze e ainda reencontrou sua família biológica na Rússia.

Nos últimos anos, Tatyana se especializou em maratonas. Em 2014, foi a única pessoa, com ou sem deficiência, a vencer as quatro principais maratonas do mundo no mesmo ano - Boston, Chicago, Nova York e Londres. Em 2015, ela repetiu o feito.

Nesta tarde, ela espera vencer a sua primeira maratona paraolímpica.

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