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Matsubara volta para casa mas público nem liga

Por José Maschio 05/06/97 16h39
Agência Folha
De Londrina (PR)

Depois de dois anos mandando seus jogos em Londrina (PR), a Sociedade Esportiva Matsubara retornou a Cambará neste Campeonato Paranaense e sofre com a indiferença de seus torcedores.

Na disputa do octogonal decisivo do campeonato -que termina neste domingo- o time tem convivido com um público médio de menos de 200 torcedores.

Pouco para uma cidade em que a torcida, fanática, construiu um estádio com capacidade para 15.000 lugares para o time mandar seus jogos.

Valdir de Camargo, presidente da TOM (Torcida Organizada do Matsubara), disse que o ''desprezo'' da comunidade de Cambará (norte do PR) para com o time é compreensível. ''Quando montaram um grande time, a diretoria levou seus jogos para Londrina, agora que está com a baba, quer o apoio da torcida.''

A TOM é a proprietária do estádio de Cambará, cedido à Sociedade Esportiva Matsubara em regime de comodato.

Segundo Camargo, ''enquanto o clube mantiver um time profissional, por força de contrato, o estádio continua nas mãos do Matsubara''.

Há dois anos a Sociedade Esportiva Matsubara tinha planos ambiciosos. Montou um time para disputar o título estadual, em que despontavam Neto (Corinthians), Edmilson e Almir (ambos no Palmeiras), Cleomir (Araçatuba) e transferiu sua sede profissional para Londrina (379 km ao norte de Curitiba).

Em campo o plano deu certo e a equipe chegou às finais do campeonato. Mas a recepção ao time foi fria em Londrina.

Ao fracasso de público em Londrina somou-se uma crise financeira no grupo Matsubara (proprietária do time). Depois de um péssimo campeonato em 1996, o retorno a Cambará foi uma tentativa de sobrevivência do time.

O supervisor da Sociedade Esportiva Matsubara, Paulo Fonseca, nega que exista boicote da cidade ao time. ''O que ocorre é que o Matsubara está sofrendo da mesma crise que afeta os clubes do interior, a falta de dinheiro.''

Fonseca disse que o Matsubara estuda licenciar-se do Campeonato Brasileiro da Série C e vender jogadores ''para equilibrar as finanças e voltar a produzir craques''.

Paulo Faeda, comentarista da rádio Cultura de Cambará é menos otimista. ''A coisa está tão feia que os telefones do clube estão cortados, as categorias menores (infantil, juvenil e junior) estão sem treinadores e não existe uma perspectiva a médio prazo.''

Camargo lembra que o Matsubara já estudou propostas de venda da Vila Olímpica (um complexo onde existem quatro campos e alojamentos para 80 atletas) e sonha com uma solução para o estádio da torcida.

''Se um grande grupo comprasse a vila, nós cederíamos o estádio para eles montarem um novo time. Outra solução seria o governo federal usar a estrutura para construir um complexo esportivo regional'', afirma.

Vicente de Camargo, 71, ex-presidente da TOM e seu fundador, é o torcedor mais inconformado com o time. Segundo ele, a maior mágoa é a Sociedade Esportiva Matsubara não ter ''respeitado a cidade, quando montou seu melhor time''.

''O clube deu um pulo errado, se tivesse ficado em Cambará, ele teria grande rendas e hoje não estaria nesta crise'', lamenta.


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