Grande Prêmio Folha de Jornalismo 1999
Badan reafirma que Suzana era mais alta

24/03/1999
Editoria: BRASIL
Página: 1-9


Da Reportagem Local

Badan reafirma que Suzana era mais alta * 'Eu me recordo da altura dela e de que Suzana era mais alta do que ele' * 'Fotografia é um dado importante, mas tem de ser muito bem avaliado' da Reportagem Local
Responsável pelo laudo final da morte de Paulo César Farias, o médico-legista Badan Palhares afirma ter certeza de que a altura de Suzana Marcolino era 1,67 m. Badan garante que mediu a namorada de PC durante a necropsia, mas admite que, por "um problema de datilografia", a altura dela não aparece no laudo. O legista diz ter "provas materiais" de que Suzana era mais alta do que PC. Ele evitou, porém, reafirmar que a altura de Suzana era superior à do empresário em 4 cm, como escrevera em um artigo publicado na Folha em 1997. A seguir, trechos da entrevista:

Folha - A Folha obteve fotografias que provam que Suzana Marcolino era menor do que PC. As fotos mostram que Suzana, mesmo de salto alto, continuava mais baixa, indicando uma altura inferior a 1,60 m. O senhor, nesse caso, admite erro no laudo?
Badan Palhares - De jeito nenhum. Eu tenho provas concretas. Primeiro, porque medi o cadáver de Suzana, que é melhor do que qualquer outro parâmetro para a gente poder realmente documentar. Segundo, porque eu tenho outras provas que me mostram que ela tem 1,67 m.

Folha - O senhor a mediu e comprovou que ela tem 1,67 m?
Badan - Por uma falha de datilografia, não foi anotado no laudo o tamanho dela. Mas eu tenho a prova real de que ela tem 1,67 m.

Folha - A altura de PC, medida pelo senhor na necropsia, seria de 1,63 m?
Badan - Não me recordo agora, mas a altura dele está anotada no laudo.

Folha - O senhor tem provas de que ela era mais alta do que o PC?
Badan - Eu tenho provas materiais. Completamente comprovadas.

Folha - Essas provas seriam as medições que o senhor fez?
Badan - Eu não tenho só as medições. Além das medidas que eu tirei no necrotério, eu tenho outros dados que me dão a certeza absoluta de que ela tinha 1,67 m. Esses dados, eu só apresento para as autoridades. Se eu tiver que mostrar, com certeza, farei com muita tranquilidade.

Folha - O senhor mantém então a afirmação de que Suzana era 4 cm mais alta que PC?
Badan - Eu mantenho que ela tem 1,67 m. Esse é o dado concreto. Eu não tenho em mãos o meu laudo, por isso é que eu não posso dizer hoje quanto ele tinha. Eu me recordo do tamanho de Suzana e de que ela era mais alta do que ele. (Em artigo publicado na Folha, Badan escreveu o seguinte: "Suzana era quatro centímetros mais alta que PC, o que se constata facilmente pelas fotografias em que aparecem juntos. Se ela medisse 1,57 m, PC teria a altura algo inesquecível de 1,53 m".)

Folha - No vídeo em que foi gravada a necropsia não há a imagem mostrando a medição de Suzana. O que ocorreu?
Badan - Quem disse que não? O teu jornal está mal informado.

Folha - Então houve a medição?
Badan - Eu tenho dados concretos de que eu tenho o tamanho de Suzana correto.

Folha - O senhor mudaria alguma coisa no seu laudo?
Badan - Não volto atrás em absolutamente nada. A não ser que vocês me mostrem totalmente o inverso daquilo que nós encontramos lá. E eu acho que vocês não têm esses elementos. Além disso, fotografia é um dado que tem de ser muito bem analisado.

Folha - Então, o senhor acha que fotografia não é prova?
Badan - Fotografia é um dado muito importante, mas tem de ser muito bem avaliado. Existem outros elementos mais significativos. Por exemplo, ela deve ter documentos em vida que provam a altura dela.

Folha - Mas nesses documentos geralmente é a pessoa que fornece a própria altura às autoridades?
Badan - Quem disse isso? Depende do documento. Quando você assina um documento, está assumindo uma responsabilidade daquilo que fornece à autoridade. Quando a pessoa vai a esses locais tirar os documentos, ela deve ser medida. Se o perito não mede, o problema é dele, porque isso é um documento oficial.

Folha - Qual a origem da informação de que Suzana era maior do que PC? São esses documentos em vida, além da medição que o senhor fez quando ela morreu?
Badan - É, exatamente. Agora, se vocês acham que são só vocês que têm fotografias de Suzana, eu também tenho uma série delas. Eu tenho um monte de fotografias dela ao lado de outras pessoas, cujas estaturas são conhecidas. Tenho uma foto dela na mesa de necrotério com uma régua metálica que mostra a altura dela.

Folha - O senhor mantém que a altura da Suzana não está errada?
Badan - Eu tenho certeza de que a altura não está errada. Eu não sei por que você está tão preocupada com o tamanho da Suzana. O tamanho dela é importante, mas não é determinante no fato de ter cometido o homicídio.

Folha - Mas o senhor falou que o tamanho era determinante. O senhor escreveu, em artigo publicado na Folha, que "a altura de Suzana é fundamental, estando errada, estará errado todo o resto...".
Badan - Lógico que é fundamental. Se você parte de uma premissa errada, está com todo o componente errado. Mas eu não levo em consideração só o tamanho, mas também a altura dela sentada, o colchão que estava na cama, o trajeto do projétil, a inclinação do projétil na parede, o trajeto depois que atravessou a parede, a força dele, a arma.


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